Com sua imensa biodiversidade e abundância de riquezas naturais, o Brasil é constantemente apontado como um protagonista ambiental na transição para uma economia de baixo carbono. Nesse contexto, um dos temas que ganha destaque nas discussões da COP30 é a geração de empregos verdes, suas oportunidades e desafios.
No mundo, a demanda por profissionais com habilidades sustentáveis cresce quase o dobro da velocidade da oferta: entre 2023 e 2024, aumentou 11,6%, enquanto o número de trabalhadores com competências verdes subiu apenas 5,6%, segundo o relatório Global Green Skills Report 2023, do LinkedIn.
No Brasil, já existem 6,8 milhões de empregos formais ligados à economia verde, o equivalente a 9% do total de vínculos empregatícios, conforme dados compilados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) das Nações Unidas e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Esses postos abrangem desde a geração de energia renovável, bioeconomia e agricultura sustentável até reciclagem, saneamento, construção civil e indústria de bens de consumo. São funções que contribuem diretamente para reduzir emissões, preservar recursos naturais e impulsionar a transição ecológica.
Na COP30, estão sendo apresentadas estimativas de quantos empregos podem ser gerados. Na pesquisa “Empregos do Futuro no Brasil: Transição Justa para Economias de Baixo Carbono”,da Agenda Pública em parceria com a Fundação Grupo Volkswagen, foi criado um índice que combina vulnerabilidade socioeconômica com a capacidade de adaptação dos municípios.
Foram analisadas cinco dimensões: capital humano, inovação e tecnologia, diversificação econômica, capacidade fiscal e dinamismo empresarial. O estudo calcula que 15 milhões de postos de trabalho podem ser criados até 2050 no país e, até 2030, 7,1 milhões.
Outro estudo, "Diversidade econômica, comercial, humana e financeira para a transformação ecológica do Brasil”, do Instituto Aya e Systemiq, é mais otimista: calcula que podem ser gerados 10 milhões de empregos no Brasil até 2030, além de haver um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) em mais de US$ 400 bilhões, se houver investimentos em economia verde.
A pesquisa se concentra em sete cadeias essenciais para a transformação ecológica: Bio-Combustível Sustentável de Aviação (Bio-SAF); Minerais Críticos; Baterias e Veículos Elétricos; Biossaúde e Superalimentos; Circularidade de Plásticos e Têxteis; Adaptação e Infraestrutura Urbana Verde; e Data Centers.
Já o relatório apresentado pela Sustainable Business COP, iniciativa da indústria que congrega o setor privado, afirma que o Brasil tem potencial para se tornar líder mundial em empregos verdes, mas precisa avançar em determinados pontos, como redução da informalidade, expansão da formação técnica, integração de políticas públicas e incentivos financeiros, além de reconhecimento e certificação de competências verdes.
De sua parte, o Senai-SP vem trabalhando pela formação de mão de obra qualificada. A instituição tem incorporado habilidades verdes em sua oferta formativa de forma transversal. Os cursos estimulam a inovação e a sustentabilidade nos processos produtivos, desenvolvem competências voltadas à eficiência energética, à redução de emissões e ao uso responsável de recursos naturais.
Além disso, os cursos gratuitos sobre descarbonização e economia circular já contam com mais de 200 mil matrículas, sinal de que o tema tem eco na sociedade. Transformar sua força de trabalho é fundamental para o Brasil se consolidar como líder global em ação climática.
Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP. o texto foi publicado, originalmente, no Jornal de Jundiaí, edição de 18 de novembro de 2025.