A presença feminina em cargos de liderança na indústria ainda enfrenta desafios, mas histórias como a de Carla Maria Francesconi demonstram que a competência e a resiliência são fatores decisivos para a conquista de espaço. “Por isso convidamos Carla para participar da campanha Mulheres no Comando. Sua trajetória revela não apenas a ascensão de uma mulher em um setor tradicionalmente dominado por homens, mas também uma referência quando o assunto é o equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, comentou Cida Gibrail, diretora de Responsabilidade Social e presidente do Conselho Superior Feminino do CIESP Jundiaí (CONFEM). Aos 58 anos, Carla é Gerente de Recursos Humanos em uma empresa metalúrgica especializada na manutenção de equipamentos para usinas de açúcar e atua na área clínica de psicologia e administração. Desde a faculdade, Carla sabia que seu caminho envolveria tanto a atuação organizacional quanto a clínica. “Durante minha formação, participei de estágios em recrutamento, departamento pessoal e recursos humanos, preparando-me para o mercado de trabalho. Especializei-me na Itália, onde recebi uma proposta para seguir carreira, mas optei por retornar ao Brasil e contribuir para as empresas da família”, lembrou. Carla divide seu tempo entre o consultório e a empresa O maior desafio, segundo Carla, foi ser reconhecida como profissional e não apenas como “a filha do dono”. Sua abordagem centrada nas relações interpessoais e na busca por soluções foi determinante para ganhar respeito e autoridade na área. “Sempre fui uma pessoa de solução, muito ligada a tudo e a todos. Isso me sobrecarregou em muitos momentos, mas aprendi a delegar e a impor limites”, conta. Conciliar as responsabilidades de líder, mãe e esposa, e agora, divorciada há dez anos, exige organização e disciplina. Desde a infância, Carla se acostumou a administrar diversas atividades ao mesmo tempo. “A vida é como um GPS: precisamos nos reprogramar conforme as fases e as intercorrências”, reflete. Para manter sua rotina equilibrada, Carla aposta em atividades físicas como caminhada e treinamento respiratório. Também destaca a importância de uma rede de apoio e do autoconhecimento. “Muitas pessoas não sabem nem o que gostam, então, como saberiam o que querem?”, questiona. Ao longo dos anos, estruturou sua vida de forma que pudesse atender às necessidades profissionais e familiares sem abrir mão de seus valores pessoais. Na empresa onde atua, Carla afirma que a política de desenvolvimento profissional sempre esteve acima de questões de gênero. “Buscamos o desenvolvimento pessoal e profissional de todos, independentemente de serem homens ou mulheres”, afirma. No entanto, ela reconhece que, no mercado como um todo, ainda há obstáculos a serem superados, especialmente no que diz respeito à equidade salarial e ao combate ao assédio. Driblando os papeis de mulher e mãe, na foto com os fihos Lucas e Camila A violência contra a mulher, tanto no ambiente profissional quanto no familiar, é um tema que merece atenção especial. Em sua experiência clínica, Carla percebe o impacto dessas situações na autoestima e no comportamento das mulheres. “Muitas vítimas se submetem por medo ou dependência emocional. O papel das empresas é criar um ambiente seguro e acolhedor, onde as mulheres sintam que podem buscar apoio”, enfatiza. Para as mulheres que aspiram a posições de liderança, Carla aconselha que tenham disciplina com flexibilidade e estejam dispostas a se reprogramar em cada fase da vida. “Acredito que o futuro das mulheres no mercado de trabalho depende da capacidade de cada uma de criar e manter vínculos, de investir no autoconhecimento e de buscar constantemente seu desenvolvimento pessoal e profissional”, defendeu e com otimismo foi categórica: “As oportunidades existem e estão se expandindo. O importante é que cada mulher entenda seu valor e tenha coragem para construir seu próprio caminho”, completou. Cíntia Souza – Assessoria de Comunicação – CIESP Jundiaí