O Departamento de Meio Ambiente do CIESP Jundiaí promoveu, na manhã desta terça-feira (28/10), um encontro online que reuniu mais de 30 participantes para debater um tema de grande relevância: gestão de resíduos, assunto que também estará em pauta na COP30.
A convidada foi Luciana Figueras, advogada, especialista e consultora ambiental, que abordou a importância do gerenciamento de resíduos no contexto urbano e industrial. Luciana é especialista em Gestão Executiva em Meio Ambiente pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, mestre em Desenvolvimento e Planejamento Territorial pela PUC Goiás e atua há mais de 15 anos na área ambiental, com foco em Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Reciclagem (urbana e industrial), ESG, Economia Circular e mercado de carbono. É idealizadora e diretora da empresa Tomorrow Gestão Executiva em Meio Ambiente.
Durante sua fala, Luciana destacou que o fato de o tema ganhar espaço na COP30 já representa um avanço. “Estive em outras edições da COP e fico feliz que o tema está em destaque este ano”, afirmou. Ao ser questionada por Marcelo Souza, diretor do Departamento de Meio Ambiente do CIESP Jundiaí, sobre suas expectativas em relação à conferência, Luciana foi cautelosa: “Não tenho muita expectativa sobre esta edição por conta de diversos fatores, especialmente, os entraves criados para receber as delegações e a especulação imobiliária, que inviabilizou a participação de muitos países. Espero que algum legado seja deixado para a cidade, mas, como profissional, fico desapontada com a forma como o evento vem sendo organizado, já que muitos temas carecem de debates mais amplos”, observou.
A especialista reforçou que o gerenciamento correto dos resíduos é uma das formas mais eficazes de reduzir a emissão de gases de efeito estufa. “O gerenciamento adequado traz muitos benefícios, como a economia de insumos e da matéria-prima original. Com a reciclagem, passamos a utilizar matéria-prima secundária, o que gera ganhos energéticos e evita a sobrecarga de lixões e aterros sanitários”, explicou.
No contexto urbano, Luciana ressaltou a importância da coleta seletiva e o papel essencial dos catadores no processo, defendendo sua inclusão socioeconômica. “A separação do lixo começa dentro de casa, entre orgânico e reciclável. A reciclagem é vital para manter as indústrias em funcionamento. Materiais como metais, papel, vidro e plástico devem retornar à cadeia produtiva, e não serem descartados”, alertou.
Luciana também chamou atenção para um dos entraves da reciclagem no Brasil: a tributação sobre a matéria-prima secundária. “Isso desestimula a reciclagem. O papel é um grande exemplo. O Brasil tem uma indústria forte de celulose e florestas plantadas, e a competitividade é desleal. O papel reciclado acaba ficando mais caro por conta da carga tributária que incide sobre ele”, explicou.
Ao tratar da matriz energética nacional, Luciana lembrou que, apesar de o Brasil ter uma base predominantemente hidrelétrica — considerada limpa —, essa fonte não é totalmente sustentável. “É fundamental debater a geração de energia a partir do reuso dos resíduos. Temos uma fração grande de materiais com potencial energético. A hidrelétrica é limpa, mas não sustentável. Poderíamos explorar mais a biomassa e a energia fotovoltaica. É melhor gerar energia a partir dos rejeitos do que enviá-los para os aterros”, defendeu.
Encerrando sua fala, a especialista destacou a importância de repensar o padrão de consumo e reforçou o papel central do ser humano na Economia Circular. “Consumimos além da capacidade do meio ambiente de se restabelecer. Precisamos rever nossos hábitos, pois o ser humano é o principal elo dessa cadeia. O descarte só deve acontecer quando não houver possibilidade de reciclagem e reaproveitamento”, concluiu.
Cíntia Souza - Assessoria de Comunicação - CIESP Jundiaí