Rafael Cervone: ‘Juros mostram que milagre brasileiro é a resiliência de quem trabalha’
- Atualizado em‘Selic usurária compromete o crédito para empresas e os consumidores, ameaçando a economia’, alerta o líder classista, ao comentar a reunião do Copom encerrada nesta quarta-feira (3/08).
Rafael Cervone, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), salienta que, com a Selic batendo em quase 14% ao ano, alguns indicadores demonstram que o verdadeiro milagre brasileiro está na resiliência dos empresários e trabalhadores: na última edição do Boletim Focus do Banco Central, as previsões do mercado para o PIB nacional eram de crescimento de 1,93% este ano, ante 2021; no segundo trimestre, em relação aos três meses anteriores, conforme o Levantamento de Conjuntura Fiesp/Ciesp, houve aumento de 3,9% das horas trabalhadas nas fábricas paulistas, 1,8% das vendas reais e 0,2% dos salários reais médios.
“Para efeito de comparação, a alta dos juros nos Estados Unidos, hoje fixados pelo Federal Reserve no teto de apenas 2,5% ao ano, foi apontada pelos analistas como uma das principais causas de o país ter entrado em recessão técnica no final de junho, com o recuo do PIB por dois trimestres consecutivos”, observa Cervone. “Aqui no Brasil, o dinheiro tornou-se o insumo mais oneroso para as empresas, que precisam ponderar muito antes de buscar empréstimo para investimento ou capital de giro. Ademais, os juros reais são um imenso empecilho para o crédito ao consumidor. Mesmo assim, estamos conquistando alguns resultados econômicos positivos”, frisa o empresário.
Reiterando que a inflação global deve-se principalmente à redução da oferta de numerosos produtos, devido à pandemia e à guerra entre Rússia e Ucrânia, o presidente do Ciesp afirma que “a escalada absurda dos juros no Brasil é altamente nociva, colocando em risco a saúde das empresas e milhares de empregos”. Ele ressalta ainda que todos no País têm trabalhado no limite das possibilidades. “O crédito é a essência da economia capitalista. Se a Selic usurária o inviabilizar, investimentos, produção e consumo vão se corroendo”, pondera Cervone, alertando para os riscos gerados pelo atual patamar da taxa.