OPINIÃO - República e diversidade na trilha do desenvolvimento - CIESP Jundiai

OPINIÃO – República e diversidade na trilha do desenvolvimento

Por Rafael Cervone*

A Proclamação da República, 15, e o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, são duas datas muito importantes que comemoramos este mês e que, no âmbito da jornada de desenvolvimento que almejamos para o Brasil, têm direta inter-relação. Afinal, é impossível construir um país próspero, justo e inclusivo se não houver respeito aos direitos de todos os cidadãos, sem quaisquer preconceitos e discriminação.

Segundo o Censo de 2022, quase 56% dos brasileiros são negros (pardos, 45,3%; e pretos, 10,6%). Além da questão demográfica, são notáveis a contribuição e a presença dos afrodescendentes em todos os segmentos da vida nacional, na nossa história, na cultura, nas ciências e na economia.

Para que nossa República nos conduza na direção do crescimento sustentado do PIB, geração e distribuição de renda e elevação a um nível de bem-estar e inclusão social semelhante ao das nações ricas, é decisivo o engajamento de todos na construção de uma sociedade cada vez mais pluralista e equitativa. Para isso, é de grande relevância a mobilização das empresas e de todos os setores de atividades.

No contexto desse objetivo de respeito à diversidade, exemplo emblemático é o programa “Elas na Indústria”, criado por duas lideranças femininas do CIESP – Alexandra Gioso, diretora titular em São José dos Campos e Patrícia Dias, diretora titular em Botucatu – realizado pelo Conselho Superior Feminino (Confem) da FIESP e implementado pelas atuantes diretoras nas Regionais do CIESP. O projeto, destinado a ampliar as perspectivas para que haja mais mulheres em cargos na gestão ou nas iniciativas de empreendedorismo, tem sido bem-sucedido no fomento da capacidade de liderança.

Rafael Cervone é presidente do CIESP

O programa já se encontra em sua quinta turma e atendeu mais de 300 pessoas. As participantes recebem mentorias gratuitas e vivenciam um ambiente de ascensão profissional. Aspecto significativo refere-se ao aumento da representatividade de pretas e pardas, passando de 16%, na primeira turma, para cerca de 25%. A expectativa é de crescimento contínuo da equidade étnica.

“Elas na Indústria” é uma iniciativa a ser multiplicada em todo o Brasil, pois responde a um desafio concreto dos setores produtivos quanto à necessidade de avanços. É o que demonstra, por exemplo, a quarta edição do estudo “Mulheres em Ações”, realizado pela B3, com 359 empresas listadas, divulgado em setembro último. De cada 100 companhias com ações negociadas na Bolsa do Brasil, 56 não têm presença feminina na diretoria estatutária e 37, no conselho de administração.

Ademais, dentre todas as respondentes, 98,6% declararam não ter nenhum diretor estatutário preto e 87,7%, pardo. No levantamento de 2023, eram 337 organizações sem pessoas pretas na diretoria estatutária e 305 sem a presença de pardos.

O Brasil precisa evoluir cada vez mais na trilha da diversidade. Na indústria paulista, estamos trabalhando muito no sentido de contribuir para que nossa República seja guardiã dos mais elevados valores da democracia e promotora intransigente da igualdade de direitos, pluralismo e respeito à dignidade humana. Somente assim teremos êxito na conquista do desenvolvimento.

* Rafael Cervone é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).