OPINIÃO - ESG na indústria - CIESP Jundiai

OPINIÃO – ESG na indústria

Vandermir Francesconi Júnior

No último artigo, mostramos que os fatores ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa) passaram a ser considerados essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos. Por este motivo, devem estar na estratégia de negócio das empresas. Agora, quero falar dos princípios ESG na indústria, especificamente.

É inegável que o tema vem ganhando importância. Diante desta realidade, para apoiar o setor em direção à esta agenda, Fiesp e Ciesp estão lançando uma jornada de webinars para capacitação, além de cursos específicos, como, por exemplo, sobre a matriz de materialidade, para melhor identificar e priorizar os temas mais importantes relacionados às atividades de uma empresa.

Ao longo do segundo semestre, estão previstos webinars com os seguintes temas: Economia Circular na Cadeia Produtiva, Capital Humano e ESG, Economia de Baixo Carbono na Cadeia Produtiva, Mecanismos Financeiros ESG e Como Comunicar ESG na Cadeia Produtiva.

Para termos uma radiografia do status do ESG na indústria paulista atualmente, Fiesp e Ciesp firmaram uma parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA), da Universidade de São Paulo (USP), e foi realizada uma pesquisa conjunta com 192 indústrias do Estado.

A boa notícia é que, independentemente do tamanho da empresa, é majoritário o reconhecimento da importância do tema para o negócio. A incorporação das questões ESG no planejamento estratégico está bastante presente, sobretudo nas empresas grandes – 75% delas responderam positivamente a esta questão, enquanto nas médias o percentual foi de 55% e nas pequenas, de 41%.

O engajamento tende a ser proporcional ao porte da empresa e sua localização na cadeia produtiva. Nas grandes, por exemplo, 95% disseram que o Conselho de Administração acompanha cuidadosamente os indicadores de desempenho ESG. Este percentual cai para 59% nas médias e para 43% nas pequenas.

Fatores como reputação da marca, proximidade com o consumidor final, maior exposição ao mercado internacional estimulam a adesão a esta agenda de boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa.

A pesquisa mostra que consumidores e investidores são os grandes vetores da transformação das grandes empresas que, por sua vez, são a força motriz para impulsionar a mudança nas menores. As grandes companhias serão, gradualmente, obrigadas a reportar o status em relação aos critérios ESG da sua cadeia de fornecedores, trazendo as pequenas e médias para esse processo de transição.

Prova disso é que, entre as maiores, 60% disseram que ampliaram os requisitos de desempenho ESG exigidos para seleção de seus fornecedores. Porém, apenas 30% dos fornecedores conseguem cumprir as exigências de desempenho das grandes companhias. Ou seja, há um longo caminho a ser trilhado ainda.

Um dos maiores entraves para comprovar a aplicação dos princípios ESG é que a grande maioria das empresas não usa indicadores para mensurar a adesão à esta agenda. A pesquisa levantou que 85,4% não fazem relatos de sustentabilidade.

Entre as principais dificuldades para a publicação de resultados estão a falta de conhecimento sobre padrões e metodologias (47%), de pessoal capacitado (37%), de procedimentos (32%) e de recursos financeiros (28%), o que nos sinaliza, novamente, quais produtos e serviços a Fiesp e o Ciesp devem providenciar para atendimento, especialmente das MPEs.

É fundamental fazer a correta mensuração de cada aspecto com indicadores que possam ser rastreados. Há uma variedade de métricas consagradas que podem ser utilizadas. O mais importante é que a alta administração esteja comprometida com esta agenda. Só assim os objetivos de sustentabilidade poderão ser alcançados.

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP. O artigo foi publicado, originalmente, no Jornal de Jundiaí, no dia 12/07/22.