CIESP Jundiaí promove debate sobre Reforma Tributária e as implicações para o mundo dos negócios - CIESP Jundiai

CIESP Jundiaí promove debate sobre Reforma Tributária e as implicações para o mundo dos negócios

O CIESP Jundiaí, por meio do Departamento Jurídico, reuniu nesta quarta-feira 11/9, especialistas no tema para debater as implicações da Reforma Tributária para a indústria e os negócios. O evento, coordenado pela dra. Elizabeth Broglio, reuniu mais de 100 pessoas que acompanharam o debate de forma presencial e remota.

Dra. Elizabeth fez a abertura do evento relembrando a data do 11 de setembro de 2001. “Já se passaram 23 anos e ainda relembramos desta data que traz tantos significados. Um povo que em meio à tragédia demonstraram força e garra para superar. Hoje é um dia de vitória e reverência à memória deste povo. Então, quando voltarmos para casa hoje, não se esqueça de abraçar seus entes queridos e lembrar que valeu a pena”, aconselhou, dando boas-vindas a todos os palestrantes que abriram um espaço na agenda para estar em Jundiaí hoje.

Representantes daReceita Federal do Brasil, Secretaria Estadual da Fazenda (SEFAZ), OAB Jundiaí, Escola de Governo do Estado de São Paulo e Prefeitura de Jundiaí, além de empresários, advogados e contadores.

O diretor titular do CIESP Jundiaí, Marcelo Cereser, e os vice-diretores, Claudio Palma e Frank Chen, também participaram. Na plateia representantes da Receita Federal do Brasil, Secretaria Estadual da Fazenda (SEFAZ), OAB Jundiaí, Escola de Governo do Estado de São Paulo e Prefeitura de Jundiaí, além de empresários, advogados e contadores. “É uma honra recebê-los aqui no CIESP Jundiaí, a casa da indústria, para debater um tema que está na ordem do dia e que tanto vai impactar o dia a dia das nossas indústrias, das entidades aqui representadas e dos profissionais do direito e da contabilidade. Como sempre digo este é o intuito do CIESP Jundiaí promover o debate, trazer luz aos temas de interesse dos nossos associados e da comunidade em geral”, comentou Marcelo, reforçando e parabenizando a dra. Elizabeth Broglio pelo evento, por reunir profissionais, especialistas e um público bastante seleto para este evento.

Helcio Honda, advogado Tributarista, Diretor Titular Departamento Jurídico CIESP, Pres. Comissão Esp. Direito Empresarial do Conselho Federal OAB, Conselheiro Estadual OAB/SP, Pres. da ABCP, sócio-fundador Honda, Teixeira, Rocha Advogados, foi o primeiro a falar e abordou os motivos para reformar o sistema tributário brasileiro. “Existe uma necessidade de redução da complexidade, reorganização da produção, mitigação da cumulatividade e um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de padrão internacional. Precisamos tornar mais uniforme a tributação para acabar com a guerra fiscal entre estados e municípios, assim, o município que tem melhor estrutura tendem a receber os investimentos. Hoje, cada Estado tem a sua carga tributária, a Reforma Tributária preve uma alíquota uniformizada. Infelizmente, no Brasil, a carga tributária é maior do que se apresenta, porque temos que pagar vários serviços que deveriam estar inseridos na carga tributária, como saúde, educação, previdência”, elencou.

“Que a reforma diminua o peso que sempre recaiu nos ombros da indústria”, destacou Marcelo Cereser

O diretor titular do departamento Jurídico do CIESP, alertou ainda que a Reforma, a partir de 2026, terá 7 anos de transição. “Teremos que conviver com os dois sistemas, o antigo e o novo e o ICMS, continua até 2032. Em 2027, serão extintos PIS e COFINS, e os benefícios fiscais do ICMS sofrerão redução ao longo dos anos e aqui fica um alerta: a reforma vai mudar todo o sistema de custos das empresas que precisam começar a repensar seus planejamentos, mas a boa notícia é que a partir de 2033, a legislação será única, uma bênção para todos nós”, completou, anunciando que as operações imobilárias terão aumento na carga tributária, embora estão previstos redução nas alíquotas do IBS e da CBS incidentes sobre as vendas de produtos destinados à alimentação.  Entre os pontos polêmicos da Reforma Tributária, Honda destacou: o direito ao crédito somente com efetivo pagamento dos tributos na etapa anterior (Split Payment); a responsabilidade das plataformas digitais de recolher o IBS e a CBS; a fiscalização delegada ao Contribuinte  (pagamento do tributo pelo remetente e plataformas digitais); o imposto Seletivo (IS) cobrança sobre veículos elétricos ou a combustão, embarcações e aeronaves; e para o setor imobiliário, a bitributação de imóveis construídos no passado e distinção entre o que é imóvel comercial ou residencial.

Para baixar a apresentação do dr. Helcio Honda, clique aqui.

Dr. Sérgio Serafim Aquino, Auditor Fiscal da Receita Estadual, Juiz do Tribunal de Impostos e Taxas, Professor Seminarista do IBET e mestrando em Direito pelo IBET, abordou sobre o Contencioso Administrativo na Reforma Tributária. Ele explicou que o contencioso administrativo tem algumas características que o diferem do contencioso judicial, entre elas, o controle de Legalidade dos lançamentos tributários efetuados pelas Autoridades Fazendárias, o direito de Petição do contribuinte, o direito de Ação do contribuinte, a gratuidade, a dispensa a constituição de Advogado pela parte, suspenção da exigibilidade do crédito tributário (CPEN) e a extinção do crédito tributário. “O ingresso no contencioso pode ser feito pelo contribuinte, contador e, apesar da dispensa de constituição de um advogado, meu conselho é que tenham sempre um advogado acompanhando”, orientou, explicando cada uma das características que distinguem um contencioso de outro. “Atualmente, no contencioso temos uma legislação para cada estado e para cada município, isso significa que temos que ter atenção a pontos conflitantes entre as legislações, principalmente, se a empresa estiver presente em diversos estados e municípios. Com a Reforma Tributária, um ponto importante é que haverá uma única legislação em relação ao contencioso envolvendo ISS e ICMS que são os dois impostos que serão substituídos pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços)”, alertou, explicando que a dinâmica do TIT (Tribunal de Impostos e Taxas) para os julgamentos dos contenciosos.

Dr. Frederico (RFB), Dr. Martinelli (OAB Jundiaí), Dr. Sérgio Aquino, Marcelo Cereser, Dra. Elizabeth Broglio, Dra. Rita Nolasco, Dr. Helcio Honda, Dr. Alexandre Katsumassa Sato (SEFAZ)

Dr. Sérgio explicou ainda que o Projeto de Lei 108/24 instituiu o Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços – CG-IBS, dispõe sobre o processo administrativo tributário relativo ao lançamento de ofício do Imposto sobre Bens e Serviços – IBS, sobre a distribuição para os entes federativos do produto da arrecadação do IBS, e sobre o Imposto sobre Transmissão Causa mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos – ITCMD. “O projeto de Lei foi aprovado em 13 de agosto, mas ainda faltam os destaquess. É importante reforçar que a transição para o novo modelo até 2033 e aí então, o IBS será cobrado de forma integral. Até lá, teremos aumento escalonado das alíquotas do IBS e redução escalonada do ICMS”, explicou, aconselhando as pessoas a fazer a leitura do PL 108. Clique aqui e acesse este link e encontre mais informações sobre o PL 108/24. 

Para baixar a apresentação do dr. Sérgio Aquino, clique aqui.

Dra Rita Nolasco, procuradora da Fazenda Nacional, Doutora em Direito pela PUC-SP, Professora de Direito Processual Civil e Direito Processual Tributário, Membro da Comissão Permanente de Solução Adequada de Conflitos do CNJ, apresentou a SEJAN (Câmara de Promoção de Segurança Jurídica no Ambiente de Negócios) para falar sobre a prevenção e soluções consensuais dos conflitos tributários. “Conversar com o contribuinte e as empresas é imprescindível para qualquer alteração legislativa. A FIESP e o CIESP estão de parabéns por conseguir promover este diálogo, envolvendo diversos entes na aprovação da transação tributária, em muitos eventos e sem esta parceria não seria possível os debates que foram promovidos”, reconheceu.

A procuradora da Fazenda Nacional destacou que sua palestra tem o intuito de trazer esperança. “Gosto muito da sabedoria do Suassuna que diz que o otimista é um tolo, o pessimista é um chato, mas temos que ser realistas e esperançosos e diante do cenário trazido pelos colegas que se apresentaram antes de mim, tenho que falar sobre a prevenção e soluções adequadas aos conflitos tributários. Tinha que trazer esperança para a casa da indústria: estamos todos no mesmo barco e temos que trabalhar de forma colaborativa, abertos ao diálogo. A solução para o excesso de letigiosidade é o diálogo entre todas as partes, administração tributária, federal, entidades e contribuintes”, destacou, explicando que a SEJAN foi criada pela Advocacia Geral da União para identificar as demandas antes de chegar no judiciário. “O que fazemos? Conduzimos diálogos técnicos para construir soluções pacíficas, celeres e menos custosas, aumentando a confiança e a transparência”, frisou. Ela anunciou também que faz parte do Comitê de Assuntos Tributários da SEJAN  que tem hoje 37 demandas em andamento e o Comitê de Assuntos Regulatórios tem 24 demandas. “A SEJAN entra com um colegiado para harmonizar as interpretações, a partir do diálogo com todos, ajudando na aplicação da legislação tributária”, reforçou, elecando diversos casos de conflitos e divergências, interpretados e solucionados pela SEJAN.

Para baixar a apresentação da dra. Rita Nolasco, clique aqui.

O 1º vice-diretor do CIESP Jundiaí, Claudio Palma, agradeceu e destacou a complexidade da Reforma Tributária. “É um prazer muito grande estar aqui com pessoas que a gente pode ouvir e confiar: meu reconhecimento à dra. Elizabeth pelo excelente evento. Não conhecia o nível de complexidade da Reforma Tributária e fiquei sem entender porque mesmo inspirada nos moldes europeus, a nossa reforma ficou tão complexa?”, questionou. Helcio Honda explicou que alguns pontos vão melhorar, mas outros ficaram ainda mais complicados. “A nossa reforma está longe da simplificação: a transição, por exemplo, é muito longa, mas é um impasse com o qual teremos que lidar. O Brasil precisava da Reforma Tributária, mas antes precisaria ter feito uma reforma administrativa, reduzindo o custo administrativo do Estado. Há 20 anos a FIESP e o CIESP defendem uma reforma tributária, que deveria ser feita do ponto de vista do contribuinte, mais simples, com alíquotas menores para evitar a sonegação”, avaliou.

O diretor titular do CIESP Jundiaí, Marcelo Cereser, e a dra. Elizabeth Broglio, fizeram o encerramento da manhã de debates. Ambos agradeceram a participação de todos e reforçando a importância deste debate para o CIESP Jundiaí e para as indústrias. “Este evento eleva o CIESP Jundiaí para outro patamar e hoje plantamos uma semente, que possamos levar as informações para o maior número de pessoas, que possamos nos envolver mais e reivindicar. A Reforma Tributária ainda está em discussão e ainda temos tempo para sermos ouvidos. Que esta reforma diminua o peso que sempre recaiu  nos ombros da indústria, vale lembrar que a participação do setor no PIB caiu de 30% para 11%. Embora não adiante reclamar sobre o leite derramado, este evento surge como uma luz para o futuro que podemos esperar para os nossos negócios”, concluiu.

Cíntia Souza – Assessoria de Comunicação – CIESP Jundiaí