“É necessário quebrar o círculo vicioso do desajuste fiscal e juros elevados”, defende Rafael Cervone
- Atualizado emRafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), observa que a continuidade da Selic em 10,5% ao ano, anunciada pelo Copom nesta quarta-feira (19/06), mantém os juros brasileiros entre os cinco mais altos do mundo. “Esse fator desestimula o crédito para investimentos e o consumo, dificulta um crescimento mais expressivo da economia e limita a geração de empregos”.
Cervone pondera que as incertezas persistentes quanto ao ajuste fiscal do Governo Federal dificultam uma decisão das autoridades monetárias quanto à redução das taxas. Afinal, o desequilíbrio das contas públicas é um forte indutor da inflação. Há de se considerar, ainda, que o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, decidiu este mês manter seus juros elevados, entre 5,25% e 5,50% ao ano, o que também pressiona o índice brasileiro. “De todo modo, a área econômica do governo e o Banco Central precisam conversar mais entre si, pois a independência da instituição, como ocorre em vários países, não significa antagonismo. Eventuais diferenças políticas estão muito abaixo dos interesses maiores do Brasil, dos setores produtivos e da meta de inclusão socioeconômica”, salienta o presidente do CIESP.
Para ele, é crucial que as autoridades monetárias tenham uma sinalização mais segura e clara sobre as concretas possibilidades e medidas a serem adotadas ainda este ano para o equilíbrio fiscal. “Não podemos continuar nesse círculo vicioso de o déficit público ficar gerando riscos de inflação e da adoção de juros altos para contê-la. É premente uma equalização que melhore o ambiente de negócios, incentive os investimentos das empresas, aumente o consumo das famílias, crie empregos e amplie a capacidade do governo de financiar obras e programas públicos prioritários. Caso contrário, o Brasil seguirá na rabeira do ranking de competitividade, elaborado pelo International Institute for Management Development em parceria com a Fundação Dom Cabral, divulgado nesta terça-feira (18/06), no qual caiu duas posições em 2024, classificando-se no 62º lugar dentre 67 países”, alerta o presidente do CIESP.
Cervone também enfatiza que, com a Selic alta, o serviço da dívida do Estado fica muito mais oneroso, sobrando menos dinheiro para saúde, educação, habitação, segurança e infraestrutura. E quem vem pagando essa conta é o contribuinte dos impostos. “Já passou do tempo de mudar essa história”, conclui.
Fonte: Assessoria de Imprensa CIESP