OPINIÃO – Alavancas de Tarcísio para São Paulo
- Atualizado emNa semana passada, falamos neste espaço da criação do Conselho Estadual de Promoção da Reindustrialização, no qual Fiesp e Ciesp terão assento e que dará o Norte para a nova industrialização de São Paulo. Agora, vamos abordar os eixos do plano que o governador Tarcísio de Freitas anunciou na sede das entidades para fazer o setor industrial florescer.
Há várias alavancas para serem acionadas, segundo ele. A primeira é a da energia. O desafio é aumentar a oferta de energia no estado de São Paulo. E onde está essa energia? Está no gás do pré-sal, que hoje é reinjetado no solo e precisa ser trazido para o continente; está nas usinas fotovoltaicas que podem ser criadas; está no tratamento adequado dos resíduos sólidos; está no biometano gerado a partir do ciclo da cana; e está no hidrogênio verde, a energia que todos estão buscando.
A ideia é que São Paulo seja líder em hidrogênio verde. “Não vamos perder a guerra do hidrogênio verde para nenhum estado ou país”, prometeu Tarcísio, lembrando que este combustível pode ser produzido a partir do etanol. O governo estadual também estuda a desestatização da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE), pois acredita que poderá gerar muitos investimentos no setor de energia no estado.
O crédito, via Desenvolve SP, é a segunda alavanca a ser acionada. A meta é disponibilizar crédito barato para o micro e pequeno empreendedor porque são eles que criam muitos empregos. Tarcísio falou de empréstimos com taxas competitivas, orientados a projetos e com assistência técnica. Além disso, a capacitação de mão-de-obra virá embutida. O Estado irá pagar essa formação profissional dentro do programa Jovem Aprendiz Paulista, que deve ser lançado este mês e tem como meta abrir as portas do mercado de trabalho nas micro e pequenas para 60 mil jovens, segundo ele.
A capacitação profissional, inclusive, é outra alavanca. O objetivo é que a formação da mão-de-obra esteja casada com as vocações de cada região – como, aliás, o SENAI-SP faz há muito tempo e com muito sucesso. O governador disse que pretende se inspirar no trabalho das entidades do Sistema S. A meta é que 40%, 50% dos jovens do ensino médio terminem esta etapa educacional qualificados para uma profissão.
Tarcísio defendeu ainda a Reforma Tributária. Esta alavanca beneficiará a economia brasileira de forma ampla, impulsionando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “Precisamos de um sistema menos burocrático, recessivo e oneroso”, afirmou. Paralelamente, o governador ressaltou que São Paulo tem de ser competitivo. “Não podemos mais perder indústria para outros estados. Vamos trocar crédito de ICMS por investimento, vamos reduzir alíquotas para quem adquirir bens de capital e vamos rever a questão das substituições tributárias.”
Infraestrutura é outra alavanca importante. Depois do bem-sucedido leilão da última etapa do rodoanel, Tarcísio prometeu lançar, em breve, o edital do trem intercidades, que ligará Campinas à capital. Ele lembrou que linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) terão R$ 3,8 bilhões de investimentos privados, R$ 600 milhões a mais do previsto no plano de negócios. E, para cargas, ele disse que o minério e a celulose de Mato Grosso do Sul vão viabilizar a malha ferroviária oeste.
Por fim, a digitalização é a derradeira alavanca. “Os níveis de digitalização no estado ainda são baixos”, admitiu o governador. “Processos tem que ser fáceis, licenças tem que ser ágeis, temos que eliminar burocracia do setor produtivo.” O governador delineou um roteiro de ação. Se conseguir cumpri-lo, São Paulo dará um salto de qualidade que puxará o Brasil.
Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do Ciesp e 1º diretor secretário da Fiesp (vfjunior@terra.com.br). O texto foi publicado originalmente no Jornal de Jundiaí.