*Maurício Colin Recebi do amigo Wilson Lourenço um artigo poderoso do economista Cláudio de Moura Castro, intitulado “A aprendizagem apunhalada pelas costas”, publicado no Estadão ( leia aqui ). O texto faz uma crítica cirúrgica à maneira como o Brasil vem conduzindo sua política de aprendizagem profissional. Como defensor da formação técnica, do emprego formal e da valorização da indústria, quero somar à discussão, trazendo o que falta no artigo: exemplos de países que deram certo. Em relatórios da OCDE e do Banco Mundial, encontramos modelos como: França – Sistema dual regulado pelo Estado, com alta inserção no mercado após a formação. Inglaterra – Flexível, com incentivos fiscais e 70% de permanência dos aprendizes nas empresas. Alemanha – O modelo mais prestigiado: empresas, governo e escolas atuam juntos; o jovem é valorizado, recebe salário e aprende na prática. Ao comparar esses modelos – que chamo de Grupo FIA (França+Inglaterra+Alemanha) – com o nosso Sistema Brasil (SBR), a diferença é gritante: Grupo FIA (França, Inglaterra, Alemanha) * A motivação das empresas vem da lógica da economia real. * Mais de 50% dos jovens participam de programas de aprendizagem. * De 55% a 70% continuam nas empresas após a formação. * Integração plena entre teoria e prática. * Alta flexibilidade nos modelos. * Grande prestígio social: ser aprendiz é um orgulho. No SBR (Brasil) * A motivação das empresas é cumprir obrigação legal. * Lutamos para alcançar 10% de participação juvenil. * Menos de 10% continuam nas empresas. * Muitos jovens não têm prática, apenas teoria. * Sistema rígido e cheio de restrições. * Pouco prestígio: ainda visto como algo para os mais vulneráveis. A lógica por trás do nosso modelo desestimula tanto empresas quanto jovens. Nos países do Grupo FIA, todos ganham, há eficiência econômica, formação sólida e valorização do jovem. Precisamos adaptar nosso sistema de aprendizagem para que ele seja atrativo, útil e respeitado. Não falta exemplo, falta decisão. Vamos discutir isso juntos? Como sua empresa ou setor vê o modelo atual de aprendizagem no Brasil? Que mudanças seriam necessárias? Fontes: OCDE – Spotlight on Vocational Education and Training (2023) OCDE – Education at a Glance (2023) Banco Mundial – Assessing Advances and Challenges in Technical Education in Brazil *Maurício Colin , engenheiro industrial e empresário, é o diretor titular do CIESP Guarulhos