Reflexões sobre o desinteresse dos jovens no mercado de trabalho e na qualificação profissional
- Atualizado em*Maurício Colin
Recebi uma mensagem do secretário de Desenvolvimento do Governo do Estado de São Paulo, Jorge Lima. Ele faz um desabafo sobre a baixa adesão ao programa de qualificação “Meu primeiro emprego”, do governo estadual. Com isso, fui motivado a falar com 4 gestores de RH e, a partir de suas opiniões, quero explorar perspectivas relevantes e estratégias para enfrentar essa realidade:
Desafios enfrentados pelo mercado de trabalho
O mercado de trabalho enfrenta desafios significativos quando se trata do desinteresse dos jovens em participar de programas de qualificação e ingressar em empregos formais:
1. Remuneração e Benefícios:
O salário-mínimo oferecido, muitas vezes, não é atrativo o suficiente para competir com os benefícios dos programas sociais do governo. Os jovens podem preferir permanecer fora do mercado formal se a diferença entre o salário e os benefícios sociais for pequena.
2. Mudança de comportamento pós-pandemia:
A pandemia alterou significativamente o comportamento das pessoas. Muitos jovens, agora, preferem trabalhos informais, como freelancers, entregadores de aplicativos ou vendedores online. Essas opções oferecem maior flexibilidade e, em alguns casos, ganhos potencialmente maiores. As empresas precisam se adaptar a essa nova realidade e criar oportunidades atraentes para os jovens.
3. Educação e informação:
Inserir informações sobre o mercado de trabalho nas escolas é essencial. Os jovens precisam entender desde cedo a importância da qualificação e do trabalho formal. Além disso, programas de orientação profissional podem ajudá-los a tomar decisões informadas sobre suas carreiras.
4. Política pública e atendimento itinerante:
Uma política pública bem estruturada é fundamental. Ela deve focar na distribuição controlada e monitorada de benefícios sociais, incentivando os jovens a buscarem qualificação e emprego. Além disso, a implementação de um atendimento itinerante nas escolas pode facilitar o acesso dos jovens a esses programas.
5. Contexto geral:
Muitas empresas hesitam em contratar jovens por conta da falta de experiência. Essa geração tem um período de aprendizado e adaptação maior do que a anterior. O número de vagas para jovens ou aprendizes costuma ser pequeno e, somado aos períodos de escassez de vagas e à maior rotatividade, fez com que os jovens ficassem desmotivados em trabalhar nas empresas. Tudo isso somado à crise da pandemia tornou o mercado de trabalho mais desafiador, impactando na motivação dos jovens.
Em última análise, é necessário um esforço conjunto de empresas, instituições educacionais e governos para combater o desinteresse dos jovens no mercado de trabalho. A conscientização sobre o valor do trabalho e a promoção da qualificação profissional são caminhos essenciais para construir um futuro sustentável.
*Mauricio Colin, diretor titular do Ciesp Guarulhos, com base nas reflexões de Dirceu Neto (Sofape), Ricardo (Karina Plásticos), Viviane (Fitas Metálicas), Sérgio (Generall) e o secretário de Desenvolvimento do Estado de SP, Jorge Lima.