Palestra sobre macrotendências em São João aponta para alta demanda por TI e concorrência internacional por mão de obra
- Atualizado emBusca por energias renováveis e distribuição inteligente de energia são indicadores importantes para o agro
A concorrência internacional por mão de obra qualificada irá se intensificar e haverá aumento da demanda na área de Tecnologia da Informação (TI). Essas são algumas das inclinações sobre o tema “qualificação e trabalho”, apontadas durante a palestra “Macrotendências Mundiais até 2040”, ministrada nesta sexta (24), em São João da Boa Vista, por Rafael Cervone, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
A palestra é baseada em um estudo que promoveu o cruzamento de mais de 300 bancos de dados do Ciesp e da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), com o apoio de uma ferramenta de Inteligência Artificial.
Em São João da Boa Vista, cerca de 80 lideranças empresariais, políticas e econômicas participaram. Os prefeitos de São João da Boa Vista, Terezinha Pedrosa, e de Aguaí, Alexandre Araújo, foram alguns dos convidados que marcaram presença.
Na apresentação, Cervone abordou ao todo nove temas: saúde, alimentos, energia, infraestrutura, urbanização, perfil do consumidor, trabalho e qualificação, segurança e entretenimento e turismo.
Segundo ele, até 2040, o mercado de trabalho tende a apresentar mais flexibilidade nas relações de emprego e a intensificação do trabalho híbrido e remoto, tudo isso somado à adesão ao uso de novas ferramentas como o chat GPT.
Em relação às carreiras, as trocas de área de atuação serão mais frequentes, haverá um crescimento do empreendedorismo e uma valorização das soft skills ou habilidades comportamentais. Tudo isso atrelado ao crescimento da educação à distância, ensino tradicional complementado com aprendizagem constante e uso de novas tecnologias.
Segundo o presidente do Ciesp, com o modelo híbrido de trabalho, muitos profissionais de TI têm sido contratados por outros países como EUA, Canadá, os da Comunidade Europeia e da Comunidade Árabe.
“Essas megatendências atraíram muitos profissionais de TI até porque nós estamos falando em Inteligência Artificial, macrodados, Big Data, realidade aumentada, realidade virtual, metaverso. Informação é poder e faz diferença nas tomadas de decisão. Isso se reflete no perfil de qualificação dos profissionais”, afirmou Cervone.
De acordo com ele, o Senai-SP, por exemplo, está capacitando mais de 300 mil profissionais na área nos próximos dois anos e meio.
Agro
No caso do agro, um dos setores mais relevantes da indústria da região de São João da Boa Vista, a palestra apontou indicações de que haverá uma intensa substituição do uso de energia não renovável por alternativas renováveis, ocorrerá a ampliação das smartgrids ou redes inteligentes de distribuição de energia, haverá uma valorização de produtos comprovadamente sustentáveis e deverão se proliferar projetos de preservação e de dessalinização das águas.
“O agro tem sido impactado com as mudanças até porque hoje, por exemplo, há uma demanda por alimentação especial individualizada e que aumente a imunidade. Por outro lado, também há alimentos artificiais sendo impressos com vitaminas”, disse Cervone.
A engenheira e empresária do ramo metalúrgico Gisele Tavares, que é fornecedora do setor do agro, avaliou que a palestra trouxe temas para os quais as empresas precisam se atentar.
“Às vezes a gente acha que isso está muito longe ou que não está no Brasil, mas está. Não é porque nós nascemos no interior que não podemos expandir os nossos conhecimentos. Ele [Cervone] falou, por exemplo, sobre o uso de drones da indústria 4.0, que já chegou ao campo. Ele validou uma realidade que já estamos vivendo”, disse Gisele.
Já o segundo vice-diretor do Ciesp, Luís Castilho, que é do ramo de condutores elétricos, disse que o tema da energia foi o que mais chamou sua atenção.
“A apresentação trouxe um sabor, um cheiro do que vai ser o futuro para a gente poder se guiar de alguma forma. O que mais me chamou a atenção foi a perspectiva da energia. A tendência é falar cada vez mais sobre eficiência energética e ao mesmo tempo, consumirmos mais energia. Esse é um segmento que vai crescer muito ainda. A gente acaba tendo que ter mais infraestrutura elétrica nas casas e nas regiões, comentou.