Fim de ano: mercado de trabalho perde fôlego na região, aponta Caged - São João

Fim de ano: mercado de trabalho perde fôlego na região, aponta Caged

Índice de novembro foi negativo, porém saldo do ano ainda é positivo

Seis municípios da região fecharam, juntos, 1.090 postos de trabalho em novembro, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego. O levantamento do Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, foi divulgado nesta quinta-feira (28). Este já é o terceiro mês que o saldo é negativo. 

Os números foram puxados pelo Agronegócio, setor que gerou as maiores demissões nos últimos dois meses. Para o vice-diretor do Ciesp São João da Boa Vista, Adriano Fontão Alvarez, essa é uma tendência natural no fim do ano, devido à sazonalidade característica do setor. 

Adriano Alvarez analisa dados do Caged“O Agronegócio sempre foi cíclico devido à safra agrícola, que tem essa sazonalidade. Mas o desempenho no terceiro trimestre deste ano já apontava um recuo, revelado pela queda do PIB no setor. Sem contar que os juros altos ainda estão inviabilizando o ímpeto dos empresários e produtores agrícolas a fazerem grandes investimentos. O resultado reflete na geração de empregos, em especial nas regiões mais voltadas para o Agro, como é o caso da nossa”, explica. 

Na parcial do ano, contudo, o número ainda é positivo: São João da Boa Vista, Mococa, São José do Rio Pardo, Espírito Santo do Pinhal, Vargem Grande do Sul e Casa Branca abriram, juntas, 3.056 postos de trabalho com carteira assinada, de janeiro a novembro. Já, se comparado ao mesmo período do ano passado, houve um recuo de 17,5% na geração de empregos na região. O saldo do período em 2022 é de 3.708 empregos.

A expectativa para o ano que vem ainda é de queda ou, na melhor das hipóteses, de crescimento tímido. Isso porque o Agronegócio está voltando aos patamares pré-pandemia. “2024 tem indício preocupante com expectativa de safras e preços menores, o que pode sinalizar uma queda nos rendimentos e, consequentemente, nos empregos. Mas é claro que a demissão é a última instância de decisão do empresário, até porque, mão de obra qualificada é sempre um desafio para a Indústria. Então, preferimos apostar numa melhora tímida”, revela Alvarez. 

Segundo ele, o cenário do ambiente fiscal para 2024 também parece mais brando. “Mas é preciso que o Governo coloque foco nisso e tome atitudes mais concretas. Ainda acredito que o ano que vem possa ser positivo. Vamos ver se, com as novas decisões do Governo Brasileiro, conseguimos retomar esse modelo de crescimento que vinha ajudando o Agro e, consequentemente, a Indústria”, finaliza.

Cidades

São José do Rio Pardo liderou o ranking de demissões na região com o fechamento de 641 postos de trabalho em novembro. O resultado veio majoritariamente do Agronegócio, que demitiu 694 pessoas. O índice só não foi maior, graças ao Comércio e à Indústria, que contrataram mais de 70 profissionais no mês. Em outubro, a cidade já vinha num ritmo de queda, com o fechamento de 687 postos de trabalho.

São João da Boa Vista vem em segundo lugar, com 333 demissões em novembro, também puxadas pelo Agro, que fechou 323 postos de trabalho. A Indústria também demitiu 80 profissionais. O saldo final foi balanceado pelo Comércio e setor de Serviços que geraram, juntos, 69 empregos no período. Em outubro o cenário na cidade foi ainda pior, com 546 demissões, também puxadas pelo Agro.

Vargem Grande do Sul fechou 166 postos de trabalho em novembro. Apesar de negativo, o número foi melhor do que no mês anterior, quando houve 431 demissões, ambos puxados pelo Agro. Embora os dados sejam menores que os das duas primeiras cidades, são bem relevantes, considerando que o número de habitantes do município também é significativamente menor. 

Casa Branca e Espírito Santo do Pinhal foram as duas cidades que tiveram o saldo mais ameno, com 19 e 2 postos de trabalho fechados em novembro, respectivamente. Em Casa Branca, no mês de outubro, o saldo foi de 158 demissões, todas puxadas pelo Agro. Já em Pinhal, o saldo foi de -29 postos de trabalhos, puxados pelo Comércio e Indústria. 

Mococa foi a única cidade da região que teve saldo positivo, com geração de 71 empregos, liderados pelas contratações no Comércio e na Indústria. Desde o início do ano, a cidade só registrou saldo negativo em março, com o fechamento de 137 postos de trabalho. Todos os demais meses foram positivos. E na parcial do ano, Mococa também lidera o ranking de geração de empregos, com saldo positivo de 984 postos de trabalho.