Por Rafael Cervone* A inteligência artificial já está muito presente, transformando setores, otimizando processos e redefinindo a maneira como vivemos e trabalhamos. Diante desse cenário, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) tem se posicionado como agente ativo na sua promoção e implementação nas empresas do setor. A IA vai se tornando um fator relevante para a competitividade. Daí o empenho da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), com o apoio de nossa entidade, para facilitar e estimular o acesso às mais modernas plataformas. Um exemplo dessa iniciativa é a primeira edição da Jornada de Inteligência Artificial, criada exclusivamente para pequenas e médias indústrias e concebida para aumentar a competitividade dos negócios. Para liderar essa jornada inicial, em março, o CIESP contou com aula de Alexandre Nascimento, especialista com experiência no Vale do Silício e formação em instituições renomadas como MIT, Harvard e Stanford. Outra iniciativa relevante foi o curso Chat GPT e Inteligência Artificial na Prática, realizado em fevereiro pela Diretoria Regional de São Carlos. Ministrado pelo especialista Matheus Viana Machado, mostrou como a IA pode ser incorporada no dia a dia das empresas. Essas ações das entidades fazem parte de um esforço mais amplo para disseminar o acesso à ferramenta, impulsionando a produtividade e preparando as empresas para o advento da Indústria 4.0. O crescimento exponencial da IA também implica desafios, principalmente na formação de mão de obra capacitada. O Estado de São Paulo enfrenta déficit estimado de 400 mil profissionais de TI, conforme observo em palestras que profiro sobre “Macrotendências Mundiais até 2040”. Aliás, abordei esse tema na Organização Internacional do Trabalho (OIT). O SENAI-SP está capacitando quase 300 mil profissionais em dois anos, mas há concorrência global pelos talentos brasileiros, reforçando a urgência de investimentos em sua capacitação e retenção. O CIESP, ao lado da FIESP, tem trabalhado para atenuar essa escassez, por meio de parcerias com universidades, programas como os que mencionei aqui e incentivos à formação profissional. Entretanto, são necessários esforços para melhorar a qualidade do ensino público. A demanda crescente por profissionais qualificados reforça a certeza de que, mesmo com o fomento acelerado da IA, o conhecimento e as virtudes humanas continuam sendo insubstituíveis. Nesse contexto de ambientes altamente automatizados, as soft skills são um contraponto e estão se tornando um diferencial imprescindível. Enquanto as máquinas otimizam processos, as pessoas proveem inovação, pensamento crítico, criatividade e liderança. A IA é uma ferramenta poderosa, mas seu impacto dependerá de como iremos utilizá-la. Vislumbro, com senso de realismo e análise racional diante do complexo cenário geopolítico global, um futuro no qual sua adoção seja um fator democratizado de produtividade, sucesso dos negócios e bem-estar da população. Para isso, governos e toda a sociedade precisam garantir que seja aplicada para o avanço da civilização. *Rafael Cervone é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).