Em evento no Ciesp, diretora executiva da ABF ressalta papel de inclusão social empreendedora das franquias
- Atualizado emRedes Bauducco, O Boticário e Morana falam dos desafios de equilibrar lucros, formar pessoas e melhorar experiência do consumidor em suas lojas
As franquias são um modelo de negócio que traz “inclusão social empreendedora”, na avaliação da diretora executiva da Associação Brasileira de Franquias (ABF), Fabiana Estrela. Ela foi uma das palestrantes do 1º Franchising Day, promovido pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) em parceria com a ABF na manhã desta quarta (13) em São Paulo.
De acordo com Fabiana, 17% dos franqueados estão vivenciando a primeira experiência de emprego e 50% são mulheres. “Nós temos aí toda essa inclusão empreendedora com as microfranquias, com as quais temos negócios a partir de R$ 3 mil ou R$ 4 mil em investimento [inicial], então, a gente consegue, sim, alavancar muito a economia e, por isso, esse faturamento que a gente encontra nas nossas pesquisas”, disse Fabiana.
Um balanço da ABF mostra que o setor faturou R$ 251 bilhões nos últimos 12 meses, o que representa um crescimento de 11,5% em relação aos 12 meses anteriores.
Os dados mostram ainda que os setores de: alimentação – comercialização e distribuição; alimentação-Food Service; casa e construção, além de comunicação, informática e eletrônicos estão no topo dos segmentos mais explorados no universo do franchising.
Hoje as franquias representam 2,3% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, gerando 1,6 milhão de vagas de emprego diretos e 5 milhões de indiretos, segundo a vice-presidente da ABF, Adriana Auriemo, que conduziu a abertura do evento.
Distribuição dos lucros
O diretor de franquias da rede O Boticário, Rafael Marconi, contou que hoje o franchising tem um papel preponderante dentro do seu perfil de negócio. De acordo com ele, a rede possui 500 lojas próprias e 3 mil em franquia.
Ele explica que desde o início do negócio, houve uma grande preocupação em escolher parceiros que estejam alinhados aos valores e ao propósito da marca. Hoje, entre os franqueados de O Boticário, a média de tempo da parceria comercial gira em torno de 30 a 35 anos, um indicativo de longevidade, na sua visão.
Outro diferencial é um olhar cuidadoso da empresa sobre a distribuição das margens de lucro na cadeia como um todo, que observa a lucratividade e capacidade de gerar fluxo de caixa do associado, bem como a margem de lucro da indústria. “Esse equilíbrio de margem, desde o início é fundamental”, disse.
Fabiana Estrela lembrou que o franqueado também precisa ganhar dinheiro dentro de uma franquia para manter a energia e o foco para o crescimento daquela marca. “É muito importante revisitar todo o modelo de negócio porque essa margem vai precisar sustentar todo mundo que está ali dentro daquele ecossistema para todo mundo ser feliz. ”, disse a diretora executiva da ABF.
Qualificação
O empresário e fundador do Grupo Morana, Jae Ho Lee, disse que, independente do produto, o seu foco hoje é trabalhar com pessoas, tanto associados quanto sua equipe. Ele também é um dos fundadores de uma cadeia de restaurantes chinesa.
Lee contou que muitas vezes apoia os colaboradores com capacitação profissional, mas também com noções de disciplinas básicas, como português e matemática, que deveriam ter sido ensinadas nas escolas. Ele lembra que seus funcionários precisam ter bom nível de Língua Portuguesa porque falam com os clientes hoje também pelo WhatsApp.
“É um processo. Toda hora estamos qualificando pessoas. O profissional que sai da empresa [Morana] já tem uma chancela A gente acaba dando uma profissão. Acho que neste ponto, o lado social do franchising é fantástico”, disse o empresário.
Da fábrica para o varejo
Já o empresário Carlo Bauducco, da Casa Bauducco, afirmou que hoje a marca já disponibiliza para o varejo vários formatos no seu modelo de negócio como quiosques, lojas modelo compacto e até o tuk-tuk, que acabou de ser adotado em uma feira na Disney que acabou no último domingo.
Ele lembra que até pouco tempo, as lojas de fábrica não se preocupavam em proporcionar grandes experiências ao consumidor e que só vendiam produtos com data próxima ao vencimento.
Segundo Carlo, a Bauducco decidiu reformar todas as suas 11 lojas, que, por enquanto, ainda são próprias. Ele não descarta, no entanto, um projeto de franquia para o futuro.
“Esse director consumer é algo que também é muito relevante para nós hoje porque a gente está aprendendo a trabalhar com uma nova forma de marketing”, disse Bauducco.
O empresário Marcos Andrade, que é 1º diretor secretário do Ciesp, explicou que muitas vezes o industrial não associa o franchising como uma possibilidade de expansão para o seu negócio. De acordo com ele, quando bem implementado, esse tipo de modelo de negócio é muito proveitoso e abre um novo horizonte.
“Vislumbrando essa possibilidade e conhecendo esses cases tão interessantes, nós quisemos promover esse primeiro Franchising Day para trazer essa opção também para as indústrias. Isso é semelhante a quando você começa a exportar, é um novo mindset que você tem de criar dentro da sua empresa”, afirmou Andrade.
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