Acordo Ciesp/Fiesp/BNDES prevê estudos regionalizados e volta do cartão de crédito para empresas
- Atualizado emAdriana Matiuzo, Agência Indusnet Fiesp
O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) assinaram na segunda-feira (12/6) um acordo de cooperação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) que prevê, dentre outras coisas, o relançamento do cartão de crédito do banco para micro, pequenas e médias empresas e um trabalho de campo, sob demanda, nas regionais do Ciesp, para entender as necessidades das indústrias.
A volta do cartão de crédito para micro, pequenas e médias empresas era uma reinvindicação antiga do Ciesp e da Fiesp. O BNDES deverá disponibilizar o cartão em quatro meses, período no qual promoverá ajustes tecnológicos para o seu funcionamento. O banco ainda anunciou linha de inovação com juros mais baixos e ampliação do acesso ao crédito para Pequenas e Médias Empresas (PMEs) por meio do Fundo Garantidor de Investimentos (FGI).
Sobre os estudos regionais do BNDES, em parceria com as regionais do Ciesp, a ideia é identificar as “dores” das empresas em nível local e destravar o acesso ao crédito. Em maio deste ano, o Ciesp anunciou ter dado início a um estudo para atualizar as vocações industriais mais fortes de cada região do estado de São Paulo. A entidade, que tem 42 regionais e oito mil indústrias associadas, tem trabalhado em parceria com governos municipais e com o estadual e utilizará uma ferramenta de inteligência artificial para fazer simulações customizadas por região.
Agenda Positiva – O presidente do Ciesp, Rafael Cervone, que foi um dos signatários do termo de cooperação, disse que o Brasil precisa de uma agenda positiva e que a assinatura do acordo é o primeiro passo de um plano de ação para a indústria.
Durante o evento, realizado na capital paulista, Cervone também aproveitou para relembrar a proposta feita pelo BNDES no mês passado, de criar uma espécie de “plano safra da indústria”. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, havia citado a ideia em um evento promovido pelas entidades no Dia da Indústria (25 de maio). O plano safra original foi criado em 2003 e é uma linha de investimentos destinada especificamente ao agronegócio.
De acordo com Cervone, é importante contextualizar que a dívida das empresas aumentou 150% e hoje 43% dos brasileiros estão inadimplentes, com contas que têm valor médio de R$ 4,7 mil. Ele também lembrou que 65% dos lucros das empresas têm sido usados para pagar impostos, o que está “estrangulando o motor do desenvolvimento econômico do país”, afirmou.
“Tenho certeza de que, a partir de hoje, vamos criar uma agenda positiva, criar uma onda que faça com que o Brasil saia dessa situação. Uma onda que traga mais emprego, renda, conhecimento, educação e um crescimento, não só para a indústria, mas para o Brasil todo”, disse Cervone.
Mercadante afirmou que hoje existem 520 bancos públicos no mundo e que eles representam 15% do investimento na economia mundial. “Vejam que os países que têm bancos públicos e agências de fomento mais estruturadas e presentes são os que mais cresceram nas últimas décadas. Olhem para a Ásia. Alguns, tardiamente estão descobrindo ou redescobrindo a importância dessa relação”, disse o presidente, que também citou financiamentos públicos à indústria nos EUA e na União Europeia.
Também participaram do evento o presidente em exercício pela Fiesp, Dan Ioschpe, o presidente do Conselho Superior da Micro, Pequena e Média da Indústria da Fiesp, Sylvio Gomide, e o deputado federal Vítor Lippi, membro do Grupo de Trabalho da Reforma Tributária.
Qual o papel do BNDES?
– Retomada do cartão de crédito do BNDES para micro, pequenas e médias empresas;
– Fortalecimento do FGI, com ampliação do acesso ao crédito para micro, pequenas e médias empresas (com a possibilidade de que o FGI seja estendido para o Cartão BNDES);
– Disponibilização de uma linha de inovação que será baseada na linha TR (em torno de 2%). Hoje a linha disponível é baseada na taxa TLP (Taxa de Longo Prazo), que gira em torno de 6%;
– Sob demanda, o BNDES poderá fazer trabalhos de campo em cada uma das regionais do Ciesp para entender as necessidades do empresariado e destravar o acesso ao crédito;
Qual o papel do Ciesp e da Fiesp?
– Divulgação de forma permanente de todas as políticas e formas de atuação do banco;
– Realização de pesquisas e estudos periódicos;
– Intercâmbio de formações para aprimorar essas políticas com a divulgação das pesquisas feitas por seus técnicos;
– Realização de seminários e palestras com o intuito de levar informação;
– Promover rodadas de crédito;