Educação é emergência nacional, afirma Josué Gomes da Silva
- Atualizado emAlex de Souza, Agência Indusnet Fiesp
Recuperar o dinamismo da indústria nacional e realizar investimento em educação foram os principais assuntos abordados pelo presidente da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, e 1º vice-presidente do Ciesp, durante a abertura de seminário sobre o futuro da indústria, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e realizado na quarta-feira (27/4), na sede da federação paulista.
Presidentes das federações de indústria de outros estados participaram presencial ou virtualmente do seminário, com transmissão pelo YouTube. Dirigindo-se a seus pares, Josué disse que aceitou a missão de presidir a Fiesp para “recuperar um pouco do dinamismo e tamanho da indústria de transformação, o que não é uma tarefa fácil”. Ele lembrou que os diagnósticos são plenamente conhecidos e as federações das indústrias têm feito um trabalho maravilhoso. “Mas podemos fazer ainda mais, especialmente no campo da educação”.
A referência específica à educação por parte do líder da Fiesp se deve, em parte, à queda da produtividade da indústria de transformação brasileira nas últimas décadas, que já tevemais de 25% de participação no PIB, mas atualmente representa cerca de 11%, ainda que o setor seja o maior pagador de tributos. “A indústria tem o maior multiplicador econômico e, em geral, é o setor que paga os melhores salários, representando 67% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Portanto, a indústria é a portadora de futuro, por sua capacidade de inovar. Por isso, investir na educação deixou de ser uma prioridade. É uma emergência”, afirmou Josué.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, corroborou as afirmações do presidente da Fiesp e disse que o Brasil esbarra na falta de planejamento. “Ciência e tecnologia são uma obsessão para o Sesi e para o Senai. Se não educarmos o brasileiro, não será possível transformar a economia, por isso temos um planejamento para os próximos 20 anos. Mas o Brasil deixou de planejar. Não temos uma política industrial de médio e longo prazos. É preciso pensar, programar e trabalhar em uma agenda para que possamos nos desenvolver nos próximos anos. Não conseguiremos fazer isso sem políticas públicas adequadas”, enfatizou.
Educação profissional – Segundo Josué Gomes da Silva, a reforma do ensino médio abre uma oportunidade espetacular, de valorização do quinto itinerário profissional tecnológico. “Os alunos precisam ter a opção de seguir o ensino profissional tecnológico. Não é à toa que países como Alemanha, Suíça, Áustria e Holanda possuem 50% dos alunos do ensino médio na formação profissional tecnológica. Nós temos percentual bem inferior”.
Ele defendeu as entidades que fazem parte do chamado Sistema S e afirmou que os que defendem ‘passar a faca’ no Sesi e no Senai desconhecem o trabalho realizado pelas instituições, que “prestam relevante serviço à sociedade brasileira, com potencial de fazer ainda mais ao dar as mãos para o ensino público e ajudar um número muito maior de jovens”. O presidente da Fiesp disse ser “absolutamente indispensável para o país voltar a crescer a taxas elevadas”, sendo essa a única maneira de resolver os gravíssimos problemas sociais.
Economia verde – Josué lamentou o fato de que o Brasil esteja perdendo a oportunidade de liderar o mundo numa revolução de descarbonização da economia. “O país em amplas possibilidades de estar à frente da economia verde no mundo. Tenho recebido embaixadores e ministros de diversos países. Eles compreendem, entendem e sabem que o setor privado faz a sua parte e que as empresas brasileiras cuidam bem do meio ambiente. Mas podemos avançar ainda mais e uma das maneiras que temos para industrializar o país é descarbonizando a nossa economia coisa que está sendo feita em outras nações”. Para exemplificar, citou a vanguarda do Brasil no caso do etanol e de outros biocombustíveis.
Já o presidente da CNI, explicou que o Brasil precisa de um plano nacional consistente de crescimento com sustentabilidade ambiental, capaz de abrir grandes possibilidades, como o desenvolvimento de produtos de alto valor agregado a partir da rica biodiversidade nacional. O plano também deve favorecer a criação de negócios inovadores e de empregos de qualidade para os brasileiros.
A CNI defende um projeto nacional que consolide a economia de baixo carbono, baseada em quatro pilares: transição energética, precificação do carbono, economia circular e conservação das florestas. “A medida mais urgente no momento é a aprovação de uma reforma ampla da tributação sobre o consumo que elimine as distorções, simplifique o sistema, e desonere as exportações e os investimentos. Precisamos de governança institucional e de condições mais favoráveis aos investimentos, sobretudo os voltados à ciência, à tecnologia e à inovação”, explicou Andrade.
Especial 200 anos de Independência da Indústria
Este é o segundo seminário, de uma série de cinco, do projeto “200 anos de independência: a indústria e o futuro do Brasil”. Participaram do debate: a fundadora do Magazine Luíza, Luíza Trajano, o CEO da GranBio, Bernardo Gradin, o presidente do Instituto Amazônia + 21, Marcelo Thomé, e o economista, Paulo Gala. O debate foi moderado pelo jornalista do Poder 360, Paulo Silva Pinto e pode ser conferido no canal da Fiesp no YouTube.
O objetivo dos seminários é fazer uma reflexão sobre os avanços ocorridos no país ao longo dos últimos 200 anos, o que caracteriza o momento atual e os desafios que temos para as próximas décadas, em cada um dos temas que serão abordados. O projetotemcuradoria doex-senador, escritore professoremérito daUniversidade de Brasília, Cristovam Buarque.