Educação é emergência nacional, afirma Josué Gomes da Silva - Franca

Educação é emergência nacional, afirma Josué Gomes da Silva

Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp

Recuperar o dinamismo da indústria nacional e realizar investimento em educação foram os principais assuntos abordados pelo presidente da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, durante a abertura de seminário sobre o futuro da indústria, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e realizado na sede da federação paulista.

Presidentes das federações de indústria de outros estados participaram presencial ou virtualmente do seminário, com transmissão pelo YouTube. Dirigindo-se a seus pares, Josué disse que aceitou a missão de presidir a Fiesp para “recuperar um pouco do dinamismo e tamanho da indústria de transformação, o que não é uma tarefa fácil”. Ele lembrou que os diagnósticos são plenamente conhecidos e as federações das indústrias têm feito um trabalho maravilhoso. “Mas podemos fazer ainda mais, especialmente no campo da educação”.

A referência específica à educação por parte do líder da Fiesp se deve, em parte, à queda da produtividade da indústria de transformação brasileira nas últimas décadas, que já tevemais de 25% de participação no PIB, mas atualmente representa cerca de 11%, ainda que o setor seja o maior pagador de tributos. “A indústria tem o maior multiplicador econômico e, em geral, é o setor que paga os melhores salários, representando 67% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Portanto, a indústria é a portadora de futuro, por sua capacidade de inovar. Por isso, investir na educação deixou de ser uma prioridade. É uma emergência”, afirmou Josué.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, corroborou as afirmações do presidente da Fiesp e disse que o Brasil esbarra na falta de planejamento. “Ciência e tecnologia são uma obsessão para o Sesi e para o Senai. Se não educarmos o brasileiro, não será possível transformar a economia, por isso temos um planejamento para os próximos 20 anos. Mas o Brasil deixou de planejar. Não temos uma política industrial de médio e longo prazos. É preciso pensar, programar e trabalhar em uma agenda para que possamos nos desenvolver nos próximos anos. Não conseguiremos fazer isso sem políticas públicas adequadas”, enfatizou.

Presidente da Fiesp recebeu lideranças de outras federações, da CNI e empresários em evento sobre futuro da indústria. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp

Educação profissional – Segundo Josué Gomes da Silva, a reforma do ensino médio abre uma oportunidade espetacular, de valorização do quinto itinerário profissional tecnológico. “Os alunos precisam ter a opção de seguir o ensino profissional tecnológico. Não é à toa que países como Alemanha, Suíça, Áustria e Holanda possuem 50% dos alunos do ensino médio na formação profissional tecnológica. Nós temos percentual bem inferior”.

Ele defendeu as entidades que fazem parte do chamado Sistema S e afirmou que os que defendem ‘passar a faca’ no Sesi e no Senai desconhecem o trabalho realizado pelas instituições, que “prestam relevante serviço à sociedade brasileira, com potencial de fazer ainda mais ao dar as mãos para o ensino público e ajudar um número muito maior de jovens”. O presidente da Fiesp disse ser “absolutamente indispensável para o país voltar a crescer a taxas elevadas”, sendo essa a única maneira de resolver os gravíssimos problemas sociais.

Economia verde – Josué lamentou o fato de que o Brasil esteja perdendo a oportunidade de liderar o mundo numa revolução de descarbonização da economia. “O país em amplas possibilidades de estar à frente da economia verde no mundo. Tenho recebido embaixadores e ministros de diversos países. Eles compreendem, entendem e sabem que o setor privado faz a sua parte e que as empresas brasileiras cuidam bem do meio ambiente. Mas podemos avançar ainda mais e uma das maneiras que temos para industrializar o país é descarbonizando a nossa economia coisa que está sendo feita em outras nações”. Para exemplificar, citou a vanguarda do Brasil no caso do etanol e de outros biocombustíveis.

Já o presidente da CNI, explicou que o Brasil precisa de um plano nacional consistente de crescimento com sustentabilidade ambiental, capaz de abrir grandes possibilidades, como o desenvolvimento de produtos de alto valor agregado a partir da rica biodiversidade nacional. O plano também deve favorecer a criação de negócios inovadores e de empregos de qualidade para os brasileiros.

A CNI defende um projeto nacional que consolide a economia de baixo carbono, baseada em quatro pilares: transição energética, precificação do carbono, economia circular e conservação das florestas. “A medida mais urgente no momento é a aprovação de uma reforma ampla da tributação sobre o consumo que elimine as distorções, simplifique o sistema, e desonere as exportações e os investimentos. Precisamos de governança institucional e de condições mais favoráveis aos investimentos, sobretudo os voltados à ciência, à tecnologia e à inovação”, explicou Andrade.

Especial 200 anos de Independência da Indústria

Este é o segundo seminário, de uma série de cinco, do projeto “200 anos de independência: a indústria e o futuro do Brasil”. Participaram do debate: a fundadora do Magazine Luíza, Luíza Trajano, o CEO da GranBio, Bernardo Gradin, o presidente do Instituto Amazônia + 21, Marcelo Thomé, e o economista, Paulo Gala. O debate foi moderado pelo jornalista do Poder 360, Paulo Silva Pinto e pode ser conferido no canal da Fiesp no YouTube.

O objetivo dos seminários é fazer uma reflexão sobre os avanços ocorridos no país ao longo dos últimos 200 anos, o que caracteriza o momento atual e os desafios que temos para as próximas décadas, em cada um dos temas que serão abordados. O projetotemcuradoria doex-senador, escritore professoremérito daUniversidade de Brasília, Cristovam Buarque.