Lideranças empresariais do ABC são favoráveis à ação da Polícia Federal
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Lideranças empresariais do ABC são
favoráveis à ação da Polícia Federal
Condução coercitiva ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vista como correta por líderes empresariais (Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas)
Lideranças empresariais do ABC se mostram favoráveis à ação da Polícia Federal que cumpriu, na manhã desta sexta-feira (4), um mandado de condução coercitiva contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A operação refletiu em alta dos índices do mercado financeiro. O dólar caiu 1,09% e fechou o dia a R$ 3,761, menor valor do ano, e, por volta das 17h20 as ações da Petrobras operavam em alta de 9,74%. No mesmo horário a Bolsa de Valores de São Paulo obteve alta de 4,17%. O fato demonstra que o mercado vislumbra, com a ação da Polícia Federal, possibilidade de que uma mudança no comando do País está mais próxima.
O presidente da AcigABC (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), Marcus Santaguita, entende que o acontecimento desta sexta-feira serviu mais para fazer barulho do que para chegar a resultados concretos, mas é sinal de que algo está sendo feito e de que a Justiça é para todos. “Se o ex-presidente tivesse comparecido à Polícia Federal quando foi convocado, o evento de hoje não teria ocorrido”, diz.
Na opinião de Santaguita, a alta da Bolsa e a redução da cotação do dólar se explicam porque o mercado está sensível para uma possível mudança de governo. “Tudo o que acontece e que dá sinais de mudança do governo é bem visto pelo mercado porque as pessoas perderam a credibilidade. Elas não acreditam que melhorias virão de ações do poder vigente e sim de algum fator externo”, comenta o dirigente.
Leonel Tinoco Netto, delegado da Regional ABC do Corecon (Conselho Regional de Economia), entende que o que ocorreu hoje foi apenas a oitiva de alguém envolvido na Operação Lava Jato por conta das delações premiadas. “É a continuidade de uma investigação. É preciso apurar o que está acontecendo”, comenta.
Do ponto de vista econômico, Leonel Tinoco afirma que o fato não vai trazer melhora alguma. As mudanças favoráveis nos índices de mercado são pontuais, movidas pela expectativa positiva de que o que tem de ser apurado será. “O que se deve comemorar hoje é que o fato representa um passo a mais para clarear as denúncias feitas”, completa.
O vice-presidente da Aescon (Associação das Empresas de Serviços Contábeis do Grande ABC), Zoilo de Souza Assis Júnior, também concorda com a ação porque acredita que faz parte de uma investigação importante que deve ter continuidade, mas se preocupa com o fato de o mercado reagir da forma como reagiu com um evento cuja envergadura não seria para tanto. “É preocupante porque isso mostra o quanto nossa economia está enfraquecida. Até ontem a economia estava péssima, os papéis da Petrobras não valiam nada e, de repente, por causa de um fato como esse todos os índices melhoraram, as ações da Petrobras dispararam. É preciso entender que a ação em si não vai trazer a prosperidade que as pessoas acham que trará”, declara.
Desilusão
O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, Donizete Duarte, diz que a sociedade brasileira está desiludida, pois tudo o que faz é com base no trabalho e no respeito às leis, à história às instituições. “A sociedade espera uma resposta que justifique o dia a dia. Talvez essa (ação da Polícia Federal) seja a melhor forma de encontrar tais respostas”, diz.
Duarte também faz uma crítica ao ex-presidente por atitudes que ele teria tido que dividiram o Brasil em dois grupos: petistas e anti-petistas. “O que aconteceu não significa que o ex-presidente seja culpado ou inocente, mas ele desprezou as instituições e destruiu tudo o que mantém um País unido ao colocar rico contra pobre, empregada doméstica contra patroa, patrão contra empregado. Respeito não se faz com uma pessoa matando a outra. Ele dividiu o Brasil e tem de responder por isso”, afirma.
Vladmir Chiea, diretor do Ciesp São Caetano deseja que tudo seja definido rapidamente para que a economia brasileira volte a caminhar de forma sustentável. “A Lava Jato é importante porque enquanto essas denúncias não forem passadas a limpo, o País continuará refém da especulação com Bolsa e dólar instáveis”, analisa. Para Chiea, independente de quem seja culpado ou inocente, a definição daria segurança jurídica ao País. O empresário lembra que sempre que ocorre algo que deixa líderes do PT (Partido dos Trabalhadores) ou do governo acuados, os índices econômicos melhoram. O mesmo ocorre quando se fala em impeachment da presidente. “É uma questão de credibilidade que esse governo não tem. É importante uma definição porque o Brasil tem andado para trás”, conclui.