Contexto doméstico e internacional contribui para manutenção do quadro de fraqueza da atividade industrial em abril
- Atualizado emAgência Indusnet Fiesp
A produção industrial caiu 0,6% em abril e registra contração em três dos quatro primeiros meses do ano nos dados com ajuste sazonal. O resultado do mês veio abaixo da estimativa do mercado (-0,3%). Frente a abril de 2022 houve diminuição de 2,7%. Esse resultado foi puxado tanto pela queda na indústria de transformação (-0,6%), quanto pela redução na indústria extrativa (-1,1%). No acumulado em 12 meses o setor industrial segue com redução de 0,2% – Gráfico 1.
Gráfico 1: Produção Física Industrial (PIM-PF)
Variação acumulada em 12 meses
Fonte: elaboração FIESP a partir de dados do IBGE.
O recuo da atividade industrial na passagem para abril foi concentrado em 16 dos 25 setores pesquisados. As influências negativas mais relevantes foram observadas em produtos alimentícios (-3,2%), máquinas e equipamentos (-9,9%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,6%). Já o impacto positivo em abril foi exercido pelo segmento de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+3,6%).
Em relação às grandes categorias econômicas, houve queda em duas das quatro na comparação com o mês anterior, sem influências sazonais. A maior queda foi observada no setor de bens de capital (-11,5%), seguido por bens de consumo duráveis (-6,9%). Por outro lado, os setores produtores de bens de consumo semi e não duráveis (+1,1%) e de bens intermediários (+0,4%) apontaram os avanços em abril de 2023.
Análise do cenário pela Fiesp
O balanço de forças do contexto doméstico e internacional tem sido desfavorável para a atividade industrial. O Índice de Pressão da Cadeia de Suprimentos Global (IPCSG), calculado pelo Banco Central de Nova York, sinaliza melhora em relação às pressões globais sobre a cadeia de suprimentos. Esse indicador é formado por variáveis como o tempo de entrega de insumos, o custo do transporte internacional, a volatilidade dos preços das commodities e a capacidade de armazenamento. A queda do índice sugere uma situação mais favorável para as cadeias de suprimentos globais – Gráfico 2. Por outro lado, o alto patamar das taxas de juros nas economias desenvolvidas, somado à desaceleração da atividade global, tendem a atuar como freios para a atividade nos próximos meses.
Gráfico 2: Índice de Pressão da Cadeia de Suprimentos Global
Fonte: elaboração FIESP a partir de dados do FED Nova York.
Somado a esse cenário externo desafiador, o contexto econômico interno, refletindo o aperto monetário e condições financeiras apertadas, vem interferindo nas decisões de investimento na economia. O grupo de bens de capital, afetado diretamente por esses fatores, apresentou queda expressiva em abril, revertendo o crescimento observado em março. Essa categoria inclui máquinas e equipamentos, que, por sua vez, vem performando uma dinâmica desfavorável em relação a sua média histórica – Figura 1. Esse movimento reflete, em parte, a dificuldade de colocar em andamento planos de expansão por parte das empresas no contexto econômico atual.
Figura 1: Mapa de calor subsetor Máquinas e Equipamentos (Abril/22 – Abril/23)
Fonte: elaboração FIESP a partir de dados do IBGE.
Na indústria de transformação, de forma geral, o Mapa de Calor revela que 6 atividades estavam acelerando (Forte + Muito Forte) e 8 atividades desacelerando (Fraca + Muito Fraca) em abril de 2022. No mesmo período de 2023, esse quadro de fraco de dinamismo foi mantido, com 6 atividades acelerando e 10 arrefecendo – Figura 2.
Figura 2: Mapa de calor da Indústria (Abril/22 – Abril/23)
Fonte: elaboração FIESP a partir de dados do IBGE.
Chama atenção o espraiamento do processo de desaceleração setorial. Somente os setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis e o setor farmacêutico estavam com desempenho “muito forte” em abril deste ano. Nesse cenário, a Fiesp mantém a projeção de queda de 0,5% da produção industrial em 2023.