A indústria é decisiva para o êxito dos ODS
- Atualizado emA comunidade internacional reconhece cada vez mais o papel imprescindível da indústria para que seja possível encontrar soluções capazes de recuperar o tempo perdido e incrementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O setor tornou-se ainda mais estratégico para reduzir a miséria, promover inclusão social, gerar empregos em larga escala e contribuir para o crescimento sustentado dos países e do mundo em patamares mais elevados.
Políticas industriais eficazes, como a que temos proposto no Brasil, passam a ser classificadas como fatores condicionantes para acelerar o progresso. O tema foi abordado em quatro workshops regionais, com o propósito de discutir as medidas necessárias ao fortalecimento da manufatura. Os eventos, que acabam de ser realizados pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), reuniram representantes dos seus estados-membros e especialistas da África, Ásia, Europa Oriental e América Latina.
Há consenso de que, em um cenário marcado por desafios sem precedentes, traçar um caminho claro para o fomento global e regional é premente, e essa jornada passa, necessariamente, pelo chão de fábrica. Problemas recentes, como a pandemia de Covid-19, as tensões geopolíticas e as crescentes taxas de inflação, agravaram o atraso na agenda dos ODS, cujo prazo expira em 2030. Ou seja, são sete anos críticos para seu êxito ou fracasso.
Nesse cenário, a indústria, na condição de alavanca essencial da expansão econômica, é o fator-chave para a criação de empregos decentes, bem como deve liderar a transição verde e promover a inovação. Na avaliação da UNIDO, que coincide com a nossa, a manufatura impulsiona o aporte tecnológico com foco na sustentabilidade e a transição energética mais do que qualquer outra atividade.
As principais conclusões dos workshops incluíram um acordo sobre o ressurgimento de políticas industriais em todas as regiões, mas também sobre a necessidade de maior capacidade do Estado de projetar e implementar medidas bem-sucedidas nesse sentido. Também houve entendimento sobre a urgência, no contexto dessa meta, de melhor coordenação e sinergia entre os setores privado e público. Ênfase ambiental, digitalização e participação em cadeias globais e regionais de valor foram identificadas como as principais oportunidades para acelerar os 17 ODS.
É exatamente o que estamos propondo no Brasil, conforme consta das Diretrizes Prioritárias Governo Federal 2023-2026, elaboradas pela FIESP e o CIESP. No documento, observamos ser necessário rever o processo de desindustrialização e a baixa expansão do PIB.
Em sua história, o País já apresentou períodos de crescimento virtuoso, puxado pelo vigor das fábricas. Agora, precisa resgatar esse motor, não mais sob as mesmas bases, mas a partir de uma visão contemporânea, digital e sustentável, voltada ao advento de uma economia menos intensiva em carbono, mais produtiva, socialmente mais justa e inclusiva. Com esses avanços, a exemplo do que defende a UNIDO, seguiremos acreditando na viabilidade dos ODS.
*Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP).