Programa Alimentar o Futuro promoveu troca de experiências entre nutricionistas e técnicos, com destaque para soluções colaborativas e práticas de educação nutricional Representantes de 25 municípios da região de Araraquara e arredores se reuniram nesta terça-feira (29) no Centro de Formação e Desenvolvimento Profissional (CEDEPE), em Araraquara, para discutir os desafios de colocar em prática o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Ao todo, 58 pessoas participaram do 1º Seminário Regional Alimentar o Futuro Araraquara – Fortalecimento do PNAE, promovido pelo Programa Alimentar o Futuro em parceria com o Conselho Regional de Nutricionistas – CRN-3. Conduzido por Jeanice Aguiar e Legiane Ligamonti (CRN-3), o encontro formativo destacou-se pela troca de experiências entre os municípios, permitindo que desafios atuais fossem enfrentados com base em soluções já adotadas por localidades que superaram situações semelhantes. A manhã de capacitação começou com um panorama sobre o histórico da alimentação escolar na legislação brasileira, que teve início em 1955, com a criação da Campanha da Merenda Escolar. “No início, usava-se o termo merenda porque era uma refeição pequena, mas hoje muitas crianças fazem sua principal refeição na escola”, comentou Jeanice. Com a evolução da política pública, a alimentação escolar ganhou capilaridade. Antes, os alimentos eram enviados diretamente às escolas – os mesmos para todo o país, inclusive em regiões com dificuldade de acesso. Em 1994, com mudanças na legislação, os municípios passaram a receber verbas específicas para investir na alimentação escolar, o que permitiu ampliar o atendimento e diversificar os alimentos, com maior presença de produtos frescos e regionais. Problemas e soluções Na sequência, os participantes foram divididos em quatro grupos para discutir a categorização do PNAE como política pública e refletir sobre suas decisões caso estivessem na gestão do programa. As falas destacaram o grande impacto social da alimentação escolar – em alguns casos, a única refeição do dia para muitas crianças – e revelaram desafios enfrentados pelos profissionais, como desfalque nas equipes, infraestrutura precária, dificuldade na aquisição de gêneros alimentícios e baixa aceitação de alguns alimentos pelas crianças. Essas questões voltaram a aparecer na atividade seguinte, em que os participantes compartilharam dificuldades atuais e problemas superados. A dinâmica evidenciou que desafios enfrentados por alguns municípios já haviam sido resolvidos por outros, possibilitando uma troca concreta de experiências e soluções entre os presentes. Atividades de educação nutricional A parte da tarde foi dedicada a uma atividade interativa de elaboração de cardápios e ao compartilhamento de experiências em Educação Alimentar e Nutricional (EAN). Destacou-se a importância da aproximação entre os nutricionistas e a equipe pedagógica, além do envolvimento de merendeiras e cozinheiras na construção de ações conjuntas para promover a EAN entre os alunos. “A Base Nacional Comum Curricular traz muitas oportunidades para trabalhar a educação nutricional com os professores”, afirmou Legiane, citando como exemplo o conteúdo sobre o sistema digestivo. Outras sugestões surgiram do diálogo entre os participantes: participar das reuniões de planejamento pedagógico, convidar merendeiras para encontros com pais e trabalhar com datas comemorativas como o Dia Mundial da Obesidade ou o Dia da Atividade Física. A professora Camila, de Araraquara, apresentou uma proposta envolvendo desenhos do cardápio do dia feitos pelas próprias crianças. “Dá para trabalhar a alfabetização, associando imagem e letras; a matemática, com pesos e medidas; e até a classificação dos alimentos. Quando a criança desenha o cardápio, isso gera envolvimento e aproximação com a alimentação”, explicou. Agricultura familiar O encerramento do seminário contou com uma palestra sobre agricultura familiar, diretriz do PNAE, com a apresentação de um caso de sucesso do município de Itápolis. Entre os desafios enfrentados estavam a baixa variedade de produtos, falhas nas entregas e longos períodos sem frutas e hortaliças. A situação foi revertida com a adaptação do edital de compras públicas, estímulo a novos cultivos, garantia de aquisição e encontros frequentes com os agricultores locais. Atualmente, o município já produz melão e melancia, e mantém ações de aproximação entre escolas e produtores, como visitas mútuas entre alunos e agricultores. Este foi o primeiro de uma série de seminários regionais voltados à promoção da segurança alimentar e nutricional na infância, realizados pelo Programa Alimentar o Futuro – iniciativa da FIESP executada em parceria com o CIESP e o SESI-SP. O próximo encontro já tem data marcada: será no dia 27 de maio, com o tema Implementação de Políticas Públicas de Segurança Alimentar e Nutricional na Infância, voltado a gestores municipais e representantes da sociedade civil. As inscrições serão abertas em breve.