Sociedade civil vem desempenhando importante papel, afirma Indalécio Gomes Neto - CIESP

Sociedade civil vem desempenhando importante papel, afirma Indalécio Gomes Neto

Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp

Para falar sobre pautas trabalhistas que estão no Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021, o Conselho Superior de Relações do Trabalho da Fiesp (Cort) convidou o ex-Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Indalécio Gomes Neto, e o ex-Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Vantuil Abdala, ambos conselheiros do Cort. Realizada por videoconferência, a reunião foi conduzida pela presidente do Cort, Maria Cristina Mattioli, que entende ser um dever cívico de todos “colaborar com o país para reestruturar o mercado de trabalho”.

Sobre o momento atual, o ministro Indalécio lembrou que o Brasil está em uma guerra muito difícil, diante de um inimigo invisível, que está trazendo consequências dramáticas para a sociedade brasileira, pelo elevado número de mortes. “Por outro lado, a pandemia tem causado e aprofundado o desemprego no Brasil, que apresenta alta taxa de desocupação, com muitas famílias passando fome.”

Ele destacou o importante papel que a sociedade civil deve exercer frente à crise e citou como exemplar a iniciativa da campanha liderada pela Fiesp, para o combate à fome e fornecimento de cilindros de oxigênio, mas vê com preocupação a possibilidade de que, a exemplo da Ford, outras montadoras venham a sair do país. “Vejam a dimensão desta crise, porque ao redor dessas montadoras florescem muitos empregos diretos e indiretos. Em momentos assim, precisamos de equilíbrio das instituições, dos poderes da República. Na verdade, todos deveriam se unir neste momento tão grave para vencer as dificuldades que o país enfrenta”, alertou Indalécio.

Para Abdala, os exageros é que motivam a maior parte das ações que estão no Supremo Tribunal Federal

Em relação ao Poder Judiciário, ele ressalta a necessidade de que este colabore e “entenda que suas decisões não podem ser voluntaristas, mas coerentes com a realidade, e não podemos concordar com excessos nem exageros”, disse o ex-ministro. Sua posição foi corroborada pelo ex-presidente do TST, Vantuil Abdala, para quem “os exageros é que motivam a maior parte das ações que estão no Supremo Tribunal Federal, e dependendo da maneira como as decisões são tomadas podem vir a prejudicar os que são objeto da proteção”.

Os especialistas também abordaram a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho, que dispõe sobre o término da relação de trabalho por iniciativa do empregador, e, para Abdala, o entendimento do Supremo deverá ser pela inconstitucionalidade. Indalécio explica que a questão tem que passar pelo parlamento. “Há muitos pensamentos diferentes, mas penso que, como a Constituição elegeu a Lei Complementar para regular essas situações, esse vai ser o entendimento final predominante”, afirmou o ex-ministro do TST.

Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade foram lembrados pelos expositores, que cobraram mais equilíbrio nas decisões judiciais, que exigem análise da conjuntura e dos interesses comuns. E Abdala lembrou a necessidade de preservar a segurança jurídica, para não desestimular as empresas que estão no país e afugentar o investimento do exterior.

Durante a reunião, a diretora executiva jurídica da Fiesp, Luciana Freire, apresentou as 27 ações que têm sido acompanhadas pela Federação, das quais três de autoria da indústria, 10 em que a indústria é observadora e 14 em que a participação ocorre na condição de amicus curiae. Entre elas, Freire destacou duas ações antigas, porém muito relevantes, que referem-se à certidão negativa de débitos trabalhistas e à prorrogação de jornada em atividade insalubre. Dispensa de homologação sindical, dispensa coletiva sem prévia negociação, validade de norma coletiva de trabalho e denúncia da Convenção 158 da OIT são outras matérias importantes citadas pela diretora, que defendeu a união de toda a sociedade para “construir juntos o caminho para combater o desemprego”.

Em momentos como o que estamos, equilíbrio das instituições e dos poderes da República é essencial para sair da crise, segundo Indalécio Gomes Neto