Seminário e pesquisa discutem blockchain
- Atualizado emIsabela Barros, Agência Indusnet Fiesp
Hora de acelerar o passo. Com essa proposta de avanço, foi realizado, na tarde desta segunda-feira (20/08), na sede da Fiesp e do Ciesp, em São Paulo, o seminário “O Blockchain na indústria: na direção de uma economia digital”. O evento foi aberto pelo presidente em exercício da Fiesp, José Ricardo Roriz, com a participação da vice-ministra de Assuntos Econômicos e Política Climática da Holanda, Mona Keijzer. Conforme pesquisa sobre o tema realizada pela Fiesp, apenas 0,7% das empresas está implementando a tecnologia no momento.
“Há muito potencial para melhorar as interações entre o setor público e o privado no Brasil”, disse Roriz. “Estamos acelerando o passo para que o Brasil se modernize e se torne cada vez mais competitivo”.
Em sua apresentação, Mona Keijzer explicou que a Inovação é o foco dos holandeses hoje, sempre “em busca de novas tecnologias para organizar os nossos procedimentos”. “Queremos estar à frente da evolução digital e isso envolve de fazendeiros a estudantes”, disse. ‘A Holanda esteve entre os primeiros países europeus a terem amplo acesso à internet”, afirmou. “Daqui saíram os criadores do bluetooth”.
Segundo ela, o Porto de Roterdã, por exemplo, usa soluções blockchain. “Iniciamos parcerias público privadas para encorajar o uso de novas tecnologias como a computação quântica, e o 5G”, explicou. ‘A nossa estrutura digital envolve tudo: saúde, educação e governo”, disse. “Temos uma agenda exclusiva para acelerar a digitalização”.
Após a abertura do evento, o primeiro painel de debates apresentou uma visão geral dos principais desafios do blockchain na Holanda e no Brasil.
Chefe de Projetos de blockchain do governo holandês, Marloes Pomp apresentou as linhas gerais do ecossistema de blockchain em seu país.
“Na Holanda, a colaboração público privada na área é muito importante”, disse. “Temos um trabalho conjunto para tentar implementar protótipos de blockchain nas áreas de saúde, finanças, logística, serviços públicos, energia e alimentação”.
E isso envolve a realização de concursos para o desenvolvimento de novas tecnologias, como os chamados hackatons, com esse foco
“Tentamos encontrar a melhor combinação de projetos, buscar casos práticos para serem implementados corretamente”, disse. “Temos ações mais complexas com caminhões, por exemplo, incluindo o pagamento dos caminhoneiros dessa forma”.
Luana Lund Borges de Carvalho, coordenadora Geral de Assuntos Cibernéticos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, foi outra participante do debate.
“Somos os responsáveis pela estratégia brasileira para transformação digital”, disse. “Uma discussão que teve início em 2017, com o Decreto 9319, que aprova o Sistema Nacional de Transformação Digital”.
Segundo ela, a interação internacional é parte dessa estratégia. “Existe um Comitê Interministerial para transformação digital”, disse.
Luana citou exemplos como o uso do blockchain usado para o pagamento de artistas pelo uso das obras e até na internet das coisas. “Há estudos na área feitos por órgãos como o Banco Central e o Ministério do Planejamento, entre outros”, disse. “Não regulamos tecnologia, mas eventuais efeitos dela”.
Para ela, o blockchain tem mais implicações no sistema financeiro, como o Banco Central e a CVM. “Precisamos ter muito cuidado com a atuação regulatória nesse momento, para que a tecnologia possa florescer”.
Luana destacou ainda a “agilidade e a descentralização trazidas pelo blockchain”.
Diretor-Presidente do Instituto Nacional da Tecnologia da Informação, Gastão Ramos explicou que o órgão é uma autarquia federal vinculada à Casa Civil da Presidência da República responsável por executar as políticas de certificação digital no padrão ICP-Brasil, auditar e fiscalizar as entidades do Sistema Nacional de Certificação Digital.

“Hoje temos blockchain e certificação digital. Esse é um assunto que pede mais participação do governo e da sociedade”, disse. “É preciso garantir a interoperabilidade das redes blockchain, com segurança e validade jurídica nas operações”.
Pesquisa
Sobre o assunto, a Fiesp realizou a pesquisa “Blockchain: Rumos da Indústria Paulista”. O estudo foi feito entre os dias 04 e 15 de junho de 2018, com a participação de 427 empresas no estado de São Paulo.
Assim, foi identificado que 64,4% das empresas não tinham ouvido falar da tecnologia blockchain. Mesmo entre as grandes, 51,4% não conheciam a tecnologia. Cerca de 72,4% das indústrias gostariam de saber mais sobre o tema.
Outro ponto destacado foi a falta de compreensão sobre o que o blockchain pode fazer, sendo esse o principal desafio para a aplicação do sistema para 53,9% dos entrevistados.
Entre os principais benefícios do uso do sistema estão a automatização de processos entre parceiros e a proteção de dados. Mesmo assim, 21,7% das empresas não vêm nenhum benefício na prática.
Já as principais áreas da empresa para aplicação são a comercial, a administrativa e a de vendas.
De acordo com o estudo, apenas 0,7% das empresas está implementando o blockchain, mas 49,3% gostariam de saber mais sobre as possibilidades oferecidas nesse campo.