Semana Fiesp-Ciesp de Meio Ambiente começa com discussões sobre sustentabilidade - CIESP

Semana Fiesp-Ciesp de Meio Ambiente começa com discussões sobre sustentabilidade

 

Debatedores destacaram a importância de garantir a sustentabilidade das atividades econômicas e de ter certificações que atestem os procedimentos ambientalmente responsáveis

 

“Os desafios do crescimento sustentado”: este foi o tema da primeira mesa-redonda realizada hoje (2), durante a Semana Fiesp-Ciesp de Meio Ambiente 2008. O diretor-adjunto do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas (Depecon) da Fiesp, Walter Sacca, foi o responsável pela condução dos debates. “O chamado primeiro mundo esgotou suas reservas naturais para promover seu desenvolvimento industrial. Hoje, existe uma crescente consciência ambiental nestes países, que, no entanto, não assumem as responsabilidades por esse passivo”, observou Sacca, acrescentando que “as nações desenvolvidas passam a olhar, não sem uma ponta de cobiça, para o patrimônio ambiental brasileiro, que detém uma rica biodiversidade e quase 80% do Aqüífero Guarani, a maior reserva de águas subterrâneas do mundo”.

 
O diretor-superintendente da Petroquímica União, Rubens Approbato Machado Jr., o presidente da Sociedade Brasileira de Silvicultura, Rubens Garlipp, e o presidente da Eternit, Elio Martins, foram unânimes em apontar a gestão sustentável de recursos e a obtenção de certificações que atestem a responsabilidade socioambiental como fatores indispensáveis à competitividade das empresas num mundo globalizado e cada vez mais atento às questões ambientais.
 
Os três têm em comum o fato de representarem indústrias de base que estão entre as maiores de seus respectivos setores. Approbato lembrou que o setor petroquímico – sem considerar as indústrias de petróleo e derivados, que em sua concepção se enquadram no setor de energia – respondem hoje por 11,3% do PIB industrial (terceira maior participação). Seu crescimento é de 8,4% ao ano (dados baseados no desempenho do período de 1996 a 2007) e, até 2012, deve receber investimentos de cerca de US$ 20 bilhões. Das 1091 fábricas de produtos químicos de uso industrial instaladas no Brasil, 604 estão no Estado de São Paulo. “Estamos investindo fortemente no uso de recursos renováveis e em medidas que permitam reduzir ainda mais as emissões de CO2. Estas, aliás, já caíram bastante: de 6,30 m3/t de produto, em 2001, para 3,67 m3/t em 2006”, salientou o presidente da PQU. Ele também mencionou o Projeto Aquapolo, que deve reduzir a zero o consumo de água potável pelas empresas petroquímicas instaladas no ABC paulista.
 
Nova cultura
Garlipp, por sua vez, mostrou que as queimadas provocam 75% das emissões brasileiras de CO2 e elencou os vários fatores que hoje contribuem para pressionar as empresas a colocarem as questões ambientais no topo de suas agendas: “A globalização da economia e da comunicação ajudou a disseminar informações sobre desmatamento, e a crescente preocupação mundial com as mudanças climáticas leva governos e pessoas a exigirem, cada vez mais, produtos obtidos de maneira sustentável”, declarou Garlipp. Ele também ressaltou que “as florestas plantadas ajudam a diminuir a pressão sobre as florestas nativas e suprem a demanda por madeira e outros produtos de origem florestal, que alimentam setores como o de papel e celulose, móveis, madeira serrada e carvão vegetal”.
 
Elio Martins, da Eternit, afirmou que o desafio das empresas é transformar as políticas ambientais em cultura. “Não basta traçar as políticas corretas e fazer investimentos, se não houver uma nova consciência, um ganho de cultura”, comentou. Ele também disse que “os acionistas querem dividendos, mas não podem se expor ao risco de lidar com passivos futuros. Assim, buscar sustentabilidade não é despesa, é investimento”, completou.
 
Sílvia Lakatos, Agência Indusnet Fiesp