‘Se não integrarmos tudo, não temos indústria 4.0’, diz professor da USP - CIESP

‘Se não integrarmos tudo, não temos indústria 4.0’, diz professor da USP

Isabela Barros, Agência Indusnet Fiesp

O debate foi sobre novos rumos. Para a economia brasileira e para a construção. Com esse foco, foi realizada, na manhã desta terça-feira (09/10), na sede da Fiesp e do Ciesp, em São Paulo, a reunião do Conselho Superior da Indústria da Construção (Consic) da federação. O encontro foi coordenado pelo presidente interino do conselho, Manuel Carlos de Lima Rossitto.

“Não existe equilíbrio de sociedade nem avanço sem emprego”, disse Rossitto. “E um dos setores da indústria mais aptos a gerar emprego é o da construção”, explicou. “Temos que ver como começar a oferta de trabalho no Brasil em janeiro de 2019”.

Nessa linha de discussão, o conselheiro do Consic e representante da Cassol Pré-Fabricados, Antonio Cezar Testa Sander, fez uma apresentação com o tema “uma agenda de crescimento”.

“O Brasil teve um PIB de US$ 2, 3 trilhões em 2017 e tem 207 milhões de habitantes”, disse. “Números expressivos que convivem com 92,59% de taxa de alfabetização de adultos, um percentual muito ruim”, disse.

Sander comentou os resultados de um estudo da consultoria McKinsey – com 71 economias em desenvolvimento. Dessas, 18 se destacaram. E foi observado um papel importante das empresas nessa evolução.

“As grandes empresas impactaram positivamente o crescimento”, disse.  “Foram observadas no mínimo duas vezes mais grandes empresas entre aqueles países que mais avançaram economicamente”, explicou. “Estamos falando do aumento da renda e da poupança das pessoas, do estímulo ao lucro das corporações”.

Construção 4.0

O próximo tema em debate foi o impacto da indústria 4.0 na construção. O assunto foi conduzido por dois professores da Escola Politécnica da USP: Orestes Marraccini Gonçalves e Fabiano Correa.

Gonçalves mostrou a estrutura da escola aos conselheiros do Consic. A Politécnica foi uma das três primeiras faculdades da instituição. E possui hoje 17 cursos de graduação e 15 departamentos, como o de construção civil.

Já Correa explicou o impacto das tecnologias associadas à indústria 4.0 na construção. “Temos a integração, a personalização em massa: fábricas inteligentes e flexíveis, com a construção se industrializando cada vez mais”, afirmou.

Por isso a tendência de “integrar softwares que trabalham em etapas diferentes do negócio, com as máquinas conversando entre si, sendo flexíveis”. “Agora temos fábrica e produtos digitalizados”, disse. “São os chamados sistemas ciberfísicos, a integração”.

E aí entram, segundo Correa, alternativas como os sensores nas casas entregues com garantia de 30 anos, com um “monitoramento de como o sistema funciona”. “Precisamos almejar práticas diferentes: se não integrarmos tudo, não temos indústria 4.0”.

Um cenário de “manufatura aditiva, impressão 3D, liberdade geométrica, personalização em massa”.

Nesse campo, o Japão é, de acordo com Correa, uma referência. “Existem módulos tridimensionais para atender arquiteturas diferentes”, disse. “No mercado japonês, é comum ver um prazo de dois meses desde a compra da casa até a entrega do imóvel”.

Um mundo de possibilidades que permite que “a cadeia da construção seja muito diferente”.