Puxada pelo setor automotivo, atividade industrial cai 0,7% em setembro - CIESP

Puxada pelo setor automotivo, atividade industrial cai 0,7% em setembro

Alice Assunção, Agência Indusnet Fiesp

O Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria paulista recuou 0,7% em setembro sobre agosto, na série com ajuste sazonal. Sem o ajuste, o índice caiu 2,6% na comparação com o mês anterior, puxado principalmente pela queda de 6,2% na produção do setor automotivo.

Na leitura com ajuste sazonal, o segmento de Veículos Automotores apresentou em setembro a maior queda experimentada pelo índice desde dezembro de 2008, quando o indicador caiu 47,6%.

“A indústria automobilística está sentindo certa dificuldade, expressa até pelo acúmulo de estoques”, afirmou Paulo Francini, diretor-titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp. “É um setor que já está passando por um processo relativamente forte de ajuste.”

Os números foram divulgados na manhã desta quinta-feira (27) pela Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp). E, segundo Francini, o INA deve fechar o ano de 2011 com taxa de 2,0%, “com algumas chances de ser ligeiramente inferior”.

No acumulado de 12 meses, o nível de atividade da indústria fechou com variação positiva de 2,6%. De janeiro a setembro de 2011, o índice acumula variação de 2,3% em relação ao mesmo período de 2010.

“Então se percebe mais claramente como é que o ano de 2011 está sendo frágil. A taxa do acumulado até setembro só encontra paralelo para trás – com exceção do ano da crise de 2009 – nos 2,7% registrados em 2006. Ou seja, é um resultado ruim comparativamente aos outros anos da série histórica”, explicou o diretor.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) recuou na série com ajuste sazonal, de 82,5% em agosto para 82,0% em setembro. Sem ajuste sazonal, o indicador fechou setembro em 83,6% versus 84,1% de agosto deste ano, e 83,7 em setembro do ano anterior. “O Nuci continua estacionado. No mês de setembro destaca-se a queda de 1,0% nas horas trabalhadas, ou seja, a produção não foi satisfatória.”

Setores

Além do componente Veículos Automotores, dos setores avaliados pela pesquisa, destaca-se a queda no setor de Produtos Minerais Não-Metálicos, termômetro para a atividade de construção civil, com declínio de 0,1% sobre agosto, na série com ajuste sazonal.

O segmento de Máquinas e Equipamentos recuou 1,0% em setembro, na série dessazonalizada, abatido pela forte deterioração da confiança do empresário industrial nos últimos meses, percepção a qual o segmento apresenta sensibilidade. “É um setor que volta a nos preocupar.”

Expectativa

A percepção dos empresários com relação ao cenário econômico no mês corrente, medida pelo Sensor Fiesp, ficou em 48,6 em outubro contra 48,9 em setembro. A apuração deste mês registrou estoque a 45,6 pontos ante 38,1 no mês anterior. No levantamento, a marca acima de 50 pontos indica crescimento. No caso dos estoques, valor abaixo de 50 aponta excesso de estoques.

“O sensor não está dizendo que lá na frente está vindo sol, como não também não está anunciando uma enorme tempestade, mas vem, pelo menos, uma garoa leve”, comentou Francini.

Crise

Francini reafirmou a perspectiva de redução do ritmo de crescimento para a economia brasileira. Já a estimativa de crescimento de 3,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2011 é efeito do agravamento da crise financeira mundial. “O PIB que se projeta para 2011 será um PIB que convive em um mundo com a situação econômica não confortável.”

Segundo ele, as perspectivas para a economia brasileira não estão claras, bem como os prognósticos para as demais economias do mundo. “Nós não somos exceção.”