Piora nas perspectivas econômicas e alta dos insumos diminuem confiança do agronegócio - CIESP

Piora nas perspectivas econômicas e alta dos insumos diminuem confiança do agronegócio

Agência Indusnet Fiesp

O Índice de Confiança do Agronegócio (ICAgro), divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela CropLife Brasil fechou o 4º trimestre de 2021 em 109,6 pontos, queda de 11,5 pontos sobre o levantamento anterior. A piora na percepção do setor com relação à economia brasileira e o esfriamento dos ânimos causado pelo aumento nos custos dos insumos são os principais motivos que pesaram no resultado.

Apesar do impacto negativo nas indústrias e nos produtores agropecuários causado pela oferta escassa e pelos preços em alta das matérias-primas, é importante observar que o índice se mantém acima de 100 pontos, na faixa considerada otimista pela metodologia do estudo.

Índice das Indústrias: 109,3 pontos, queda de 12,7 pontos

O índice da confiança das indústrias que fazem parte da cadeia produtiva do agronegócio caiu para 109,3 pontos, 12,7 pontos abaixo do levantamento anterior. O recuo foi mais acentuado nas empresas fabricantes de alimentos (depois da porteira) do que nas indústrias de insumos agrícolas (antes de porteira).

 Indústria Antes da Porteira: 111,4 pontos, queda de 5,6 pontos

O nível de confiança das empresas situadas antes da porteira caiu 5,6 pontos sobre o levantamento anterior, fechando em 111,4 pontos.

Para Christian Lohbauer, presidente executivo da CropLife Brasil, o ano terminou sem que houvesse uma perspectiva de alívio para questões importantes que afligem o setor, cenário que deve ser mantido no futuro próximo.

“A oferta e os preços das matérias-primas tendem a continuar pressionados e diversos fatores contribuem para o problema, como a persistência de gargalos logísticos que foram causados pela pandemia de Covid-19 e multiplicaram o custo dos fretes em 2021”, explicou Lohbauer. “A este cenário somam-se as crises energéticas pelas quais atravessam vários países do globo, além de problemas geopolíticos entre Rússia e Ucrânia, que podem impactar a disponibilidade de fertilizantes com origem na região”, acrescentou.

Indústria Depois da Porteira: 108,4 pontos, queda de 15,7 pontos

Dentre as indústrias, as situadas depois da porteira foram as que tiveram maior queda no índice de confiança. O aumento nos custos dos fretes, a baixa disponibilidade de contêineres e o consequente atraso nos embarques comprometeu o andamento das exportações de produtos como café, açúcar e algodão. Além disso, o embargo imposto pela China às importações da carne brasileira prejudicou o desempenho dos frigoríficos.

“Pesaram também as variáveis macroeconômicas, externas e internas, como o aumento da taxa de juros, queda no rendimento médio das famílias e inflação em alta, que afetaram as expectativas das indústrias de alimentos”, sublinhou Roberto Betancourt, vice-presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp (Cosag).

Índice do Produtor Agropecuário: 110,0 pontos, queda de 9,8 pontos

Os produtores agropecuários também fecharam o ano demonstrando uma perda de entusiasmo. Neste cenário, a percepção sobre a situação geral da economia pesou mais negativamente do que a percepção sobre as condições do próprio negócio.

Índice do Produtor Agrícola: 112,0 pontos, queda de 9,7 pontos

Embora tenha registrado o resultado mais baixo desde o terceiro trimestre de 2019, o índice de confiança do Produtor Agrícola encontra-se em um patamar relativamente alto, sustentado, principalmente, pelas avaliações otimistas sobre aspectos como preços das commodities produzidas e crédito.

“Também deve-se considerar que, se por um lado, os preços dos principais grãos continuaram atrativos para os agricultores, por outro, os custos de produção, contribuíram significativamente para diminuir o entusiasmo, levando a confiança para um dos níveis mais baixos já verificados desde o início da série histórica”, observou Betancourt.

As relações de troca entre grãos e insumos também encerraram o ano em patamares pouco atrativos para os produtores rurais.

Índice do Produtor Pecuário: 104,0 pontos, queda de 10,2 pontos

Dentre todos os segmentos pesquisados, o dos pecuaristas é o que fechou o 4º trimestre de 2021 no nível mais baixo de otimismo e mais próximo da neutralidade.

Os custos de produção dos pecuaristas tiveram uma avaliação ainda pior do que a dos agricultores. A categoria teve que lidar, em 2021, com a alta das rações (puxada pelo milho e pela soja), dos insumos para as pastagens (como a

ICAgro

O ICAgro é divulgado trimestralmente e avalia a percepção das indústrias de insumos e transformação ligadas ao Agro, além das cooperativas e produtores, em relação a indicadores econômicos e de competitividade do setor. É desenvolvido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e conta com a parceria da CropLife Brasil.

Acesse nosso site para conferir a série histórica do indicador.

Sobre a CropLife Brasil – A CropLife Brasil (CLB) é uma associação que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em quatro áreas essenciais para a produção agrícola sustentável: germoplasma (mudas e sementes), biotecnologia, defensivos químicos e produtos biológicos. Criada em 2019, a organização é resultado da união de entidades que antes representavam cada um destes setores individualmente. Agora, a CLB agrega em uma única plataforma a experiência e o histórico de associações que por décadas lideraram as discussões sobre inovação na agricultura.

Sobre a Fiesp – A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) é a maior entidade de classe da indústria brasileira. Representa milhares de indústrias de diversos setores, de todos os portes e das mais diferentes cadeias produtivas, distribuídas em 131 de sindicatos patronais. A atual estrutura da Fiesp reflete o pensamento estratégico e o tratamento homogêneo que a entidade confere às várias cadeias produtivas e aos sindicatos, independentemente do porte das empresas ou do segmento a que pertencem.