Petrobras pretende arrecadar US$ 29 bilhões com Plano de Desinvestimentos entre 2019 e 2023 - CIESP

Petrobras pretende arrecadar US$ 29 bilhões com Plano de Desinvestimentos entre 2019 e 2023

Mayara Moraes, Agência Indusnet Fiesp

Nesta segunda-feira (5/7), representantes da Petrobras reforçaram o comprometimento da empresa em restabelecer sua saúde financeira e pôr fim ao monopólio exercido desde sua fundação, em 1953, por meio de um Plano de Desinvestimentos, que prevê a venda de refinarias, térmicas, ativos de gás e ativos em terra, águas rasas e águas profundas.

Em evento realizado na Fiesp para discutir a gestão da carteira da companhia e a parceria com empresas nacionais e estrangeiras, a Petrobras revelou que US$ 15,1 bilhões já foram assinados apenas neste ano. A expectativa é que os desinvestimentos atinjam a ordem de US$ 29 bilhões até 2023.

“Vamos continuar adequando nosso portfólio a projetos de maior retorno”, assegurou Roberto Furian Ardenghy, diretor executivo de relacionamento institucional da Petrobras. “Hoje, 55% do nosso portfólio é em águas profundas, e em 2020, estaremos 88% focados nesse tipo de ativo”, acrescentou.

A decisão de apostar todas as fichas na produção de petróleo do pré-sal surgiu como opção para sanar as dificuldades financeiras pelas quais a empresa vinha passando. De acordo com Ardenghy, a “Petrobras já saiu da UTI, mas ainda está no hospital” e isso se deve aos anos de geração de caixa insuficiente e pagamentos de juros astronômicos, que em 2016 alcançaram US$ 7,3 bilhões.

“Todo ano, acabamos pagando para o mercado financeiro um valor que corresponde ao custo de um projeto de exploração e produção na faixa de US$ 150 a US$ 250 milhões, e a nossa dívida de US$ 84 bilhões é o dobro da média de endividamento das maiores empresas de petróleo do mundo”, revelou o diretor da Petrobras. “Os juros que pagamos consomem 25% do caixa operacional, percentual muito superior ao dos nossos concorrentes, que têm apenas 3% comprometidos”, criticou Ardenghy.

Além de fundamental para a saúde financeira da Petrobras, o Plano de Desinvestimentos da Petrobras traz uma série de vantagens para o negócio, como melhor rastreabilidade de decisões, melhoria da governança com elevação de competência interna para decisões e manutenção da eficiência.

“Esse sistema de desinvestimentos aumenta a liquidez da Petrobras e fortalece a gestão de portfólio, além de ampliar a valorizar o mercado de refino no país”, acrescentou Ana Paula Saraiva, gerente executiva de gestão de portfólio da Petrobras.

Ardenghy foi categórico ao afirmar que o petróleo é dos brasileiros e não da Petrobras e que a parceria com outras empresas, nacionais ou estrangeiras deve ser benéfica para o setor e a economia brasileira.

“Por muitos anos, prevaleceu dentro da Petrobras a visão de que o petróleo era nosso e de que a única responsável por esse setor éramos nós, mas não somos mais competentes que qualquer outra empresa privada que também possa exercer esse tipo de atividade”, afirmou o diretor. “O importante é que as empresas que operam nesse setor ajam de maneira ética e correta do ponto de vista da responsabilidade social, paguem seus impostos e gerem riqueza”, destacou.

A parceria estrangeira dentro do pré-sal também é vista com bons olhos pelo especialista. De acordo com ele, a expectativa é que os investimentos em águas profundas cheguem aos US$ 27 bilhões nos próximos anos, e que a produção sofra um crescimento de 44%.

“Temos de retirar essa reserva o mais rápido possível e transformar essa riqueza em recurso, e estabelecer parcerias no pré-sal é uma maneira de aprender e diluir os riscos”, defendeu Ardenghy. “O compromisso da Petrobras é deixar essa característica monopolista, que não agrega valor à empresa, nem à economia brasileira, e esse é o compromisso estratégico que a empresa vai perseguir nos últimos anos”, assegurou.

Para o diretor-secretário da Fiesp, Nilton Torres de Bastos, o Plano de Desinvestimentos da Petrobras vai ao encontro da agenda do novo governo, está alinhada com a retomada dos investimentos na indústria e com o desenvolvimento de setores estratégicos da economia.

“O monopólio da Petrobras vai contra os interesses nacionais, então podemos dizer que esse plano de desinvestimentos vai ‘desengessar’ o mercado brasileiro de combustíveis e derivados do petróleo, diminuir o custo da energia e gerar muitas oportunidades para a indústria brasileira”, apontou Bastos. “O que foi colocado aqui é tudo o que a gente espera de um mercado de petróleo do futuro”, concluiu.

Representantes da Petrobras debatem fim do monopólio e saúde financeira, o que inclui Plano de Desinvestimentos. Foto: Ayrton Vignola/Fiesp