Para especialistas, mediação é alternativa mais adequada para resolução de problemas judiciais
- Atualizado emCâmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem Ciesp/Fiesp abre caminho para estimular a cultura da medição na solução de conflitos entre empresas. Primeiro debate focou o setor da Construção Civil
Apesar das inúmeras vantagens para as empresas, a mediação de conflitos é uma área que ainda precisa ser desenvolvida no Brasil, disse o ministro Sydney Sanches, presidente do Conselho Superior de Assuntos Jurídicos e Legislativos (Conjur) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e presidente da Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem Ciesp/Fiesp. Sanches e especialistas da área reuniram-se na manhã desta quarta-feira (27/11), na sede das instituições, para debater as vantagens do mecanismo na solução de conflitos de interesse dentro da área da construção civil.
Na visão de Sanches, a cultura brasileira ainda não assimilou essa maneira de mediar conflitos entre as partes. “Encontros como o de hoje visam alcançar o desenvolvimento da mediação, forma que contribui muito na redução de custos para empresas e que ganha espaço no mundo todo”.
Para Kazuo Watanabe, presidente do Conselho Superior da Câmara, a mediação é um processo célere e confidencial, que, muitas vezes, é mais adequada que sentenças judiciais. Para ele, a área de construção civil é talvez a mais indicada para a realização da mediação. Além disso, a maior escolha desse tipo de processo desafogaria o fadigado setor judiciário brasileiro.
“O aumento constante do número de processos congestiona e agrava os problemas do judiciário. Precisamos passar a usar a mediação como forma de enfrentar esse crescimento e criar alternativas saudáveis para o setor empresarial”, disse. “Precisamos celebrar um pacto para que as empresas privilegiem a conciliação como forma primeira de solução de problemas”, completou.
Para o advogado Fábio Côrrea, presente ao encontro, o empresariado brasileiro já percebeu que o judiciário não está preparado para atender as inúmeras demandas da sociedade e procura novas alternativas para a solução de conflitos judiciais.
“A mediação tem muitas vantagens. É uma forma importante e vantajosa para a solução de conflitos, que independe do judiciário”, disse Côrrea.
Mediação em detalhe
O encontro reuniu representantes do setor da construção civil e serviu para apresentar e detalhar as vantagens da utilização da mediação. “Não conheço muito bem a mediação. Vim para conhecer as diferenças entre ela e a arbitragem. E também entender seu funcionamento e vantagens”, disse João Simões Neto, engenheiro do Grupo Adventure.
Segundo o advogado Diego Faleck, a mediação é o processo de facilitar uma negociação por um membro que não é juiz nem árbitro, ou seja, tem neutralidade. “Além de facilitar a situação das partes envolvidas, a mediação tem alta taxa de resolução de conflitos. Reduz custos, preserva relacionamentos e ajuda as partes a encontrar soluções que atendam os interesses de todos os envolvidos”, explica.
Para Faleck, o mercado de construção civil pode encontrar vantagens em adotar esse canal para resolver conflitos. “Fora da mediação, os custos diretos e indiretos são enormes”, disse. “O Brasil já tem profissionais capacitados e realizando mediações em casos complexos”.
Segundo Faleck, a mediação é um investimento. “Mesmo em ambiente de dificuldades, a mediação ajuda minimizando desgastes e semeando acordos vantajosos no futuro”, encerrou.
Escolha adequada
A advogada Daniela Gabbay, para quem mediação também é a escolha mais adequada para solucionar conflitos, ressaltou a importância de utilizar a mediação como forma de tratar disputas legais dentro da área da construção civil, setor que representa atualmente 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo Gabbay, os conflitos nessa aérea, que envolvem empreiteiros, construtores, fornecedores e consumidores, podem ser mais bem resolvidos com a mediação. “É a forma mais adequada de tratar essas questões. Por haver o envolvimento de muitos atores no conflito, a mediação pode reduzir os custos elevados das disputas judiciais e das despesas com perícias e acompanhamentos de processo”, opinou.
Nos Estados Unidos, segundo a advogada, 97% das empresas adotam a mediação como forma de solução de conflitos na esfera privada.
Guilherme Abati, Agência Indusnet Fiesp