Na Fiesp, secretário de Energia e Mineração de SP fala em futuro com fontes renováveis
- Atualizado emGraciliano Toni, Agência Indusnet Fiesp
João Carlos de Souza Meirelles, secretário de Energia e Mineração do Estado de São Paulo, participou da reunião desta terça-feira (28 de março) do Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp (Cosema). Fez a palestra A Política Estadual de Energia e o Meio Ambiente, destacando que não há como discutir sustentabilidade sem discutir desenvolvimento econômico.
São Paulo, disse o secretário, tem a matriz energética mais limpa do mundo. Energias renováveis respondem por 58% da produção no Estado. E é imprescindível produzir mais energia renovável. Isso faz parte das diretrizes estratégicas do Estado. A grande produção de etanol no Estado dá base para a sustentabilidade na energia.
Outra diretriz é fomentar o gás natural como garantia de oferta firme e de transição para as renováveis. Destacou que falta, por enquanto, tecnologia de armazenamento da energia produzida por células fotovoltaicas.
A geração de energia perto dos centros consumidores é outra diretriz, por segurança energética. São Paulo importa 63,8% da energia que consome. Uma medida para ter mais energia de backup é a construção planejada de usinas termelétricas a gás, para evitar apagões e outros problemas. “Cada vez mais precisamos de qualidade da energia.”
Outra diretriz é a busca de eficiência energética, bem como a redução das emissões de carbono. E todas as diretrizes devem ser capazes de gerar trabalho e renda, afirmou Meirelles.
Reunião do Cosema em 28 de março com a participação de João Meirelles, secretário de Energia e Mineração de São Paulo. Foto: Helcio Nagamine/Fiesp
Petróleo e gás
O potencial do Estado no petróleo é o maior do Brasil, mas São Paulo não tem discutido o setor, por falta de tradição, disse Meirelles. E isso apesar de São Paulo ter a maior produção de máquinas e equipamentos para exploração de petróleo. A discussão foi delegada à Petrobras. “Até do ponto de vista ambiental precisamos discutir esse tema”, afirmou.
Como a quase totalidade dos campos paulistas do pré-sal tem a produção associada de gás natural e de petróleo, com o gás sendo reinjetado por falta de demanda, o que pode ser feito por tempo limitado, faz sentido usá-lo, argumentou. E com o esgotamento do potencial hidrelétrico, o gás natural como combustível de termelétricas de alta eficiência e pouquíssimo poluentes é a alternativa, disse Meirelles.
O secretário explicou o plano de expansão da rede de distribuição de gás natural em São Paulo e a instalação de novas termelétricas a gás na capital. Siemens/Gazem e AES Tietê vão gerar em duas novas áreas no canal Pinheiros, perto da represa Billings, 1.500 MW, com investimento de R$ 6 bilhões e consumo de 6 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A queima, explicou, é muito mais limpa que a de múltiplos geradores a diesel hoje necessários por segurança energética.
Meirelles disse que o complexo do Hospital das Clínicas passará por um processo de melhora de eficiência energética e de implantação de geração distribuída. Terá células fotovoltaicas. Tudo será feito em parceria com o setor privado, modelo a ser usado também no Instituto Butantan.
Há potencial de 35,4 GW de produção de energias renováveis no Estado, disse Meirelles, que mostrou tecnologias para geração fotovoltaica – por exemplo, no parque Villa Lobos.
O secretário também explicou o Programa Paulista de Biogás, para incentivar a produção de biometano nas usinas de cana de açúcar. E com a introdução dos motores flex diesel e gás seria possível economizar 1,3 bilhão de litros de diesel por safra de cana e reduzir a emissão de CO2. Para isso Meirelles pediu apoio da Fiesp para incentivar fabricantes de caminhões a aumentar a produção usando motores flex.
O Estado tem 97% de sua população em área urbana, com demandas como energia elétrica e coleta e destinação de lixo. Parte dele deverá ser usado em unidades de recuperação energética (URE).
Outro tema é o tratamento de cavas de mineração. Parte delas poderia, exemplificou Meirelles, ser usado para produção de energia solar.
A recuperação do complexo Pinheiros-Billings, com requalificação das águas, culminará com a total despoluição do rio, afirmou o secretário. E permitirá o total aproveitamento da usina Henry Borden.
Walter Lazzarini, presidente do Cosema, conduziu a reunião.