Internet das coisas pode trazer até US$ 11 trilhões para a economia global até 2025, diz consultor em debate
- Atualizado emIsabela Barros, Agência Indusnet Fiesp
Há uma revolução tecnológica em curso e é preciso agir rápido, arregaçar as mangas. Duas conclusões extraídas do workshop de infraestrutura “Telecomunicações – Iniciativas da Indústria para o Avanço da Internet das Coisas (IoT)”, realizado na manhã desta quarta-feira (19/09), na sede da Fiesp e do Ciesp, em São Paulo. O debate foi organizado pelo Departamento de Infraestrutura (Deinfra) da federação e do centro, sendo moderado pelo diretor da área, Luciano Cardim.
Consultor da McKinsey & Company, Gabriel Codo foi um dos convidados do encontro. Ele destacou que há muitos pontos a ajustar rumo ao salto para o futuro digital, como a criação de um ambiente regulatório que funcione e o debate dos paradigmas de segurança, por exemplo.
Segundo ele, a Itália tem um fundo de estrutura pública com esse foco e a Inglaterra oferece incentivo para a universalização do acesso.
Um contexto em que “as operadoras terão que crescer no mercado com a oferta de produtos com mais valor agregado, oferecendo diferenciais aos clientes”.
Sobre a internet das coisas especificamente, Codo citou os sensores conectados, e a aquisição de dados e análises avançadas. “Não adianta ter bicicleta conectada se não existe um modelo de negócios por trás”.
Nessa linha, o consultor citou a fabricante de máquinas e tratores John Deere, dos Estados Unidos. “A empresa vende o trator, mas também o serviço agregado por trás, com a cobrança de uma mensalidade para orientar a colheita, e fazer o monitoramento da lavoura”, explicou.
Segundo Codo, estamos diante “de uma evolução muito rápida”. “Temos que agir para não perder o bonde”, disse ele. Também comentou que pedidos de entrega por drones, automóveis autônomos e controle de tráfego com inteligência artificial são serviços já viabilizados hoje. Outros exemplos com cenários de casas conectadas e indústria 4.0, baseados no uso de tecnologia e no menor uso de mão de obra humana em áreas de risco nas fábricas.

De acordo com ele, o PIB global pode crescer entre 4% e 11% até 2025 com a internet das coisas, com um incremento, de US$ 4 a 11 trilhões na economia global. “A indústria só tem a ganhar com isso e pode melhorar o controle de qualidade, ter mais eficiência nas paradas de manutenção das máquinas, aprimoramento dos recursos e processos e menos acidentes de trabalho”.
Conectividade com qualidade
Diretor da comissão de Internet das Coisas da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Francisco Soares destacou a necessidade de se ter conectividade com qualidade, com tecnologia 5G e capacidade de rede.
“Temos um Plano Nacional de IoT à espera de aprovação no Brasil”, disse.
Assim, Soares propôs para a área, ações como capacitação e oferta de linhas de crédito, criação de uma plataforma para intercâmbio de experiências e fundos de investimento específicos. “Precisamos acelerar a implementação dessas ações, arregaçar as mangas”, afirmou. “O governo precisa estimular a melhoria do acesso ao sistema: como ter um carro autônomo se a cobertura não é nem de 2G na estrada? ”, questionou. “Todos têm que fazer a sua parte: governo, operadoras, indústria”, disse. “A Abinee mandou uma carta sobre isso para a Anatel”.
Coordenador adjunto da área de Pesquisa e Inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Américo Craveiro destacou que São Paulo é uma referência nacional em pesquisa e desenvolvimento. E que o maior estado brasileiro investiu R$ 25,8 bilhões na área em 2017. “Cerca de 54,1% das empresas paulistas investem em pesquisa”, disse. “Ainda há muito o que avançar, mas já temos 15 mil empresas inovadoras aqui”.
Criada em 1962, a Fapesp investiu R$ 1,058 bilhão em 2017 em 24 mil projetos de pesquisa. A internet das coisas, claro, está entre os assuntos pesquisados e veio, conforme Craveiro, “para mudar paradigmas”.
Do chão de fábrica para a nuvem
Pró-diretor de pós-graduação e pesquisa do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), José Marcos Brito destacou o uso das soluções IoT na indústria. Temos a realidade aumentada, a realidade virtual, a internet tátil, os robôs colaborativos, a assistência remota em tempo real, a ampliação do chão de fábrica para a nuvem e a automação avançada, entre outros pontos.
“É a manutenção baseada em condições, com dispositivos conectados, a capacidade de prever uma falha antes que ela ocorra”, explicou Brito. “Os algoritmos se baseiam na correlação dos dados coletados e no histórico dos defeitos e manutenções”, disse. “Estamos falando de informação”.
Representante da Fundação CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, Fábio Nizu destacou a existência de pilotos para o melhor uso IoT no Brasil. “Internet das coisas depende da inovação aberta”, disse.
Ele lembrou que a USP e a Unicamp investem na inteligência em seus campus. E destacou a importância das linhas de fomento para estimular as pesquisas na área.