Inovação horizontal democratiza gestão e maximiza resultados - CIESP

Inovação horizontal democratiza gestão e maximiza resultados

Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp

Em virtude dos efeitos da pandemia da Covid-19, em 2020 o governo brasileiro implantou o dispositivo legal da antecipação de férias. Essa inovação foi executada durante a crise de 2008 pela Brasilata, primeira do segmento de lata de aço e detentora de 15% do mercado brasileiro.

O caso foi apresentado na quinta-feira (28/10) em reunião do Conselho Superior de Inovação e Competitividade (Conic) da Fiesp, conduzida pelo seu presidente, Antônio Carlos Teixeira Álvares, coautor do livro Inovação Horizontal – Inovação a partir de todos os empregados, em parceria com o pesquisador do IPT, José Carlos Barbieri. Também participaram o diretor regional do Senai-SP, Ricardo Terra, e o supervisor de Inteligência de Mercado do Senai-SP, Marcello Luiz de Souza Jr.

A inovação horizontal não está presente nos textos típicos sobre inovação. Normalmente se fala de inovação no âmbito da gestão ou na área de pesquisa experimental, e quase sempre relacionada à inovação com alto grau de novidade. “Mas inovação horizontal é diferente. Não se trata de inovação incremental ou de pequena monta, é só é possível quando se aproveita a experiência das pessoas”, conceituou o pesquisador Barbieri.

Em oposição à inovação vertical, a horizontalização é democrática, por envolver todas as pessoas de todas as áreas de uma organização. “Pode ser do chão da fábrica, do armazém, depósito ou almoxarifado, da loja ou escritório. Onde houver uma pessoa interessada em dar sua contribuição para a organização, ali estará a inovação horizontal”, continuou.

Um caso de sucesso apresentado pelo presidente do Conic, Antônio Carlos Teixeira Álvares, é da empresa Brasilata. “Existe uma tendência de queda no setor de latas de aço, superada na empresa por meio da inovação horizontal. Na contramão do mercado brasileiro, que caiu mais de 60% desde 1995, crescemos quase 200% no mesmo período”, disse Teixeira Álvares, atual vice-presidente da companhia.

Uma das inovações é o Projeto Simplificação, um sistema de captação de ideias dos empregados. Implantado em 1997, o programa gerou cerca de 1,8 milhão de ideias a partir da contribuição dos colaboradores. “Foi assim que inovamos lá atrás, em 2008. Durante a crise não demitimos ninguém, devido ao banco de férias. Esse mecanismo antecipou não somente férias a vencer, mas até mesmo aquelas que ainda não haviam sido adquiridas. 12 anos depois, o governo utilizou o mesmo recurso para minimizar os impactos da pandemia”, pontuou. Com isso, a empresa teve a oportunidade de avançar rapidamente em um cenário de recuperação, ocorrido após 6 meses.

As ideias dos colaboradores também propiciaram melhoria em produtos, tais como tampas das latas. A trava mecânica, em substituição ao sistema de dupla pressão, se mostrou mais resistente, fácil de abrir e de fechar, além de consumir menos aço. Latas com parte da tampa transparente, para que os clientes pudessem ver a cor da tinta, também foi ideia dos empregados da empresa, que adotou a política de contratar todos os funcionários como inventores. “Essa inovação foi implantada no ano 2000, como forma de estimular os colaboradores. Em 2002, essa política foi divulgada internacionalmente em congresso europeu realizado em Düsseldorf”, destacou Teixeira Álvares. O livro foi lançado pela Senai-SP Editora.

Convidado para o encontro, o diretor regional do Senai-SP, Ricardo Terra, explicou que durante a gestão do presidente Paulo Skaf muitas ações importantes foram executadas. Uma delas é o programa de Vigilância Tecnológica. “Temos o desafio de modernizar nossos cursos em um mundo cada vez mais veloz. Para nos anteciparmos às tendências tecnológicas, monitoramos 26 feiras internacionais e fazemos um exercício de futurologia que nos permite estar no mesmo passo que outros países”, disse Terra.

O supervisor de Inteligência de Mercado do Senai-SP, Marcello Luiz de Souza Jr, apresentou as ações do núcleo em um estudo sobre a percepção do programa de inovação horizontal na indústria paulista. “Dado ao sucesso da pesquisa queremos uma investigação mais profunda. Queremos trabalhar de forma sistêmica a questão da inovação horizontal nas empresas do Estado de São Paulo”, finalizou Souza Jr.

Em oposição à inovação vertical, a horizontalização é democrática, por envolver todas as pessoas de todas as áreas de uma organização. Foto: Karim Kahn/Fiesp