Indústria paulista elimina 12,5 mil vagas e maio tem pior desempenho histórico - CIESP

Indústria paulista elimina 12,5 mil vagas e maio tem pior desempenho histórico

Segundo pesquisa do Ciesp e da Fiesp, emprego no setor manufatureiro caiu 1,01% na comparação com abril com ajuste sazonal

A indústria de São Paulo demitiu 12,5 mil empregados em maio, o equivalente a uma queda de 1,01% na comparação com o mês anterior, com ajuste sazonal. Esta é a pior queda para o mês desde 2006, quando o levantamento começou a ser feito. Os resultados são da Pesquisa de Nível de Emprego do Estado de São Paulo, elaborada pela Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp).
Na avaliação de Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon), responsável pela pesquisa, o número negativo de maio “foi muito além” da perspectiva do departamento.

“Maio foi particularmente ruim, na verdade o acumulado até maio também é fraquíssimo, mas o mês foi muito além da nossa expectativa”, diz. No acumulado do ano, o emprego industrial subiu 0,63%, o equivalente a criação de 16 mil vagas. Ainda assim, esse é o pior resultado para o período com exceção de 2009.

Pelas contas de Francini, a indústria deve concluir um período de seis anos, entre 2009 e 2014, com 130 mil empregos a menos. Somente este ano, a previsão do Depecon é de que o setor manufatureiro paulista feche 40 mil postos de trabalho.

“Veja que péssimo desempenho da indústria nesse período. Então realmente estamos olhando para este resultado e nos indagando: para aonde vamos?”, questiona o diretor da Fiesp e do Ciesp. Segundo ele, o Depecon está revisando suas previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) a para o desempenho da atividade econômica, bem como a indústria, este ano.

A projeção do Depecon para o emprego industrial em São Paulo gravita em torno de uma variação negativa de 1,5%.
Francini acredita que as indagações do setor econômico sobre o futuro podem ser melhor respondidas pelo resultado das eleições para presidente do que pela realização da Copa do Mundo no Brasil.

“Nunca me comoveu muito as indagações do que a Copa representaria para a economia, seja para o lado do bem, seja para o lado mal. Mas a eleição vai trazer uma clareza quanto a essa perspectiva para o futuro para agrado ou desagrado de uns e de outros”, diz Francini. “Em 2014 não vai acontecer nada de regenerativo para indústria, o que vai acontecer é essa coisa morna de uma atividade econômica fraca”, completa.

Desempenho de maio
No acumulado de 12 meses, ou seja, maio deste ano versus o mesmo mês do ano anterior, o setor manufatureiro paulista soma um saldo negativo de 85,5 mil empregos.
As usinas de açúcar e álcool criaram 2.153 vagas no mês passado, mas o número positivo acabou sendo anulado pela demissão de 14.653 funcionários por parte da indústria de transformação, fechando a conta de 12,5 mil empregos a menos.
De janeiro a maio deste ano, a indústria sucroalcooleira contratou 21.621 empregados, já o balanço de empregos do setor de manufatura apresenta uma baixa total de 5.621 vagas, reduzindo o número de contratações para 16 mil até o momento este ano.

Setores
Dos 22 setores apurados pela Fiesp e o Ciesp em maio, 14 computaram queda, cinco registraram alta e três ficaram estáveis no que se refere ao emprego. Entre os que mais demitiram, destaque para a indústria de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias, com o fechamento de 3.354 vagas, o equivalente a uma queda de 1,3%, e de Máquinas e Equipamentos, com 2.275 demissões, ou declínio de 1,1%.

Entre os geradores de emprego, se destacaram as indústrias de Produtos Alimentícios, com alta de 0,2% no mês e geração de 595 vagas, e de Bebidas, ao criar 456 empregos, a uma variação positiva de 1,3%.

Das regiões consultadas pela Fiesp e pelo Ciesp, 26 anotaram queda no emprego industrial, oito informaram contratações e duas registraram estabilidade.
A região de Santa Bárbara D´Oeste registrou um ganho de 4,37% no mercado de trabalho de sua indústria, puxada principalmente pelos setores de Produtos Alimentícios (52,2%) e de Produtos de Borracha e de Material Plástico (5,42%). Botucatu computou alta de 1,45% no emprego na indústria, também motivada pelo segmento de Produtos Alimentícios (4,46%) e de Produtos de Metal, exceto Máquinas e Equipamentos (5,8%). Já o emprego na indústria de Indaiatuba cresceu 0,68%, com ganhos em Produtos Alimentícios (6,46%) e na indústria de Bebidas (3,63%).

Entre as baixas, a região Santo André computou queda de 2,02% e perdas de 3,38% em Produtos de Borracha e de Material Plástico e de 2,99% em Produtos de Metal,
Exceto Máquinas e Equipamentos. Em Jaú, o emprego caiu 1,79%, com baixa nos setores de Artefatos de Couro e Calçados (-3,66%) e de Produtos Alimentícios (-1,03%). Santos também anotou baixa em maio com -1,59%, pressionada pelos segmentos de Confecção de Artigos do Vestuário e Acessório (-7,48%) e de Produtos Alimentícios (-1,31%).

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Alice Assunção, Agência Indusnet Fiesp