Indústria paulista cria 8 mil vagas em maio
- Atualizado emA indústria paulista de transformação fechou o mês de maio com geração de 8 mil postos de trabalho, ou variação de 0,35% ante abril – o menor número da série desde o início do ano –, segundo pesquisa divulgada hoje (17) pelo Centro e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp e Fiesp). A taxa também foi a menor para o mês desde 2005, quando houve alta de 0,16%. Em termos ajustados, houve aumento de apenas 0,06% – a primeira “batida” no zero desde o início de 2007, desconsiderando os dois últimos meses do ano, que tradicionalmente registram desaceleração.
Segundo Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) das entidades, a taxa de emprego está dando sinais de cansaço, e o resultado indica uma acomodação no desempenho da indústria. “Já havíamos notado que parte do ímpeto da aceleração estava se perdendo, mas fatores como o aumento da Selic e a conseqüente valorização cambial ainda não foram contabilizados. Fica uma ponta de preocupação, principalmente porque no dado mais recente o crescimento passou a ser zero para o emprego”, sinalizou Francini.
O efeito do setor sucroalcooleiro sobre o nível de emprego continua forte, apesar da tendência normal de estabilidade nas contratações após os quatro primeiros meses do ano. Das 8 mil vagas abertas no mês, 5 mil ou 63% estão ligadas à cadeia produtiva de açúcar e álcool. O setor foi responsável pela abertura de 104 mil postos de trabalho, do total de 137 mil empregos gerados pela indústria de janeiro a maio. O crescimento do emprego industrial em termos percentuais é de 6,28% no acumulado do ano, e de 4,79% nos últimos 12 meses.
Projeções
Para Paulo Francini, o resultado é um sinal de alerta, mas não há certeza de que a indústria deva entrar em um período de redução da atividade. “Com o aumento do IOF para a pessoa física e a alta no preço dos alimentos, houve uma redução da renda disponível para o consumo, e o consumidor passa a sofrer esses efeitos. Agora, com a elevação da Selic e o investiment grade, que tem seu componente de valorização da taxa de câmbio, cresce a agressividade do ambiente onde se desenvolve a atividade produtiva, e isso pode aprofundar a acomodação da indústria”, explicou Francini. “Não sabemos se o dado de maio é um ponto deslocado da curva, ou mostra um início de tendência. Só o tempo vai dizer quais são as conseqüências dessas medidas”, completou.
A estimativa do Ciesp e da Fiesp para o crescimento do emprego na indústria em 2008 é de 3,5%, conforme dados revisados divulgados no último mês. “Já prevíamos essa perda de força até o fim do ano, e o dado de maio já nos mostra isso”, afirmou André Rebelo, gerente do Depecon.
Indicadores setoriais
Diminuiu para 13 o número de setores que tiveram bom desempenho na geração de vagas em maio – no mês anterior, eram 16 destaques positivos. Das 21 atividades industriais que compõem a amostra da pesquisa, cinco tiveram desempenho negativo e três indicaram estabilidade nas contratações. Os segmentos que mais contrataram no mês foram Máquinas para Escritório e Equipamentos de Informática (6,69%), Alimentos e Bebidas (1,60%) e Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos (1,41%). A variação negativa ficou por conta dos setores de Equipamentos de Instrumentação Médico-Hospitalares (-5,68%), Coque, Refino de Petróleo e Álcool (-1,96%) e Couro, Artigos de Viagem e Calçados (-1,77%).
Regiões
Das 36 Diretorias Regionais do Ciesp consultadas, 29 tiveram bom desempenho no mês e sete registraram queda. Matão foi a campeã em contratações, com crescimento de 2,76% – puxado por Máquinas e Equipamentos (3,13%) e Produtos Alimentares (2,82%), com destaque para a cadeia produtiva da laranja. Araraquara ficou em segundo lugar, com alta de 2,11%, puxada pela produção nos setores de Produtos Alimentares (4,75%) e Produtos Têxteis (2,25%). Em terceiro lugar, São João da Boa Vista apresentou elevação de 1,78% na geração de empregos na indústria, com destaque para Minerais não Metálicos (4,18%) e Produtos Alimentares (0,63%).
As regiões com desempenho negativo em maio foram Jacareí (-1,17%), puxada por Metalúrgica (-9,96%) e Bebidas (-1,87%); São José do Rio Preto, com queda de 0,68% influenciada pelos setores de Produtos Alimentares (-3,47%) e Confecções e Artigos do Vestuário (-3,36%); e São José dos Campos, em função da retração em Máquinas e Equipamentos (-2,72%) e Material de Transporte, que teve queda de 0,33%.
Agência Ciesp de Notícias
Mariana Ribeiro
17/06/2008