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- Atualizado emProdução industrial de SP cresce 6,1% em 2007
O nível de atividade da indústria paulista de transformação cresceu 6,1% em 2007, de acordo com dados divulgados hoje (30) pelo Ciesp e pela Fiesp. O resultado é o segundo melhor da série histórica, atrás somente de 2004, quando a produção industrial subiu 8,5%. O desempenho superou as expectativas das entidades, que, no final do ano, projetavam um crescimento em torno de 5,3%. “Felizmente, a realidade foi melhor que a previsão”, disse o diretor-adjunto do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon), Walter Sacca.
O resultado dos meses de novembro e dezembro contabilizou as perdas de final de ano com a sazonalidade dos setores ligados ao açúcar e álcool. Houve queda de 4,3% em novembro, e de 11,9% em dezembro. Com ajuste, as baixas foram de 1,2% e 1,3%, respectivamente. O último mês do ano teve alta de 7% em relação a dezembro de 2006.
Segundo o diretor, o resultado do ano ligeiramente superior ao do PIB (cujas previsões apontam para alta de 5,3%) indica a capacidade da indústria em superar as diversidades, mas também é uma comprovação da defasagem cambial. “Em anos anteriores, com o câmbio mais equilibrado, a atividade industrial crescia 30% ou 40% acima do PIB, como ocorreu em 2004”, ressaltou.
Conjuntura
No levantamento de conjuntura, destaque para o número de horas trabalhadas na produção, que apesar da queda de 8,4% na margem, teve crescimento de 6,4% no acumulado do ano. O total de salários reais caiu 0,4% em dezembro ante novembro, e subiu 4,5% no ano. O salário real médio, no entanto, apresentou queda de 0,5% na soma anual. De acordo Walter Sacca, o efeito é explicado pelo aumento das contratações na base da pirâmide, ou seja, com renda inferior. “O total de salários reais está em alta, mas quando dividido pelo número de trabalhadores recém-admitidos com salário menor, a média cai”, apontou.
O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) em dezembro ficou em 81,9%. No mesmo mês de 2006, o Nuci foi de 77,8%. “O nível abaixo de 85% não causa preocupação. A indústria tem uma capacidade muito grande de se adaptar ao crescimento da demanda. A maioria dos setores pode reagir com a criação de um segundo turno de produção, sem precisar de grandes investimentos”, explicou Sacca. André Rebelo, gerente do Depecon, salientou que o crescimento da produção e importação de máquinas e equipamentos indica um alto nível de investimento da indústria, que está começando a maturar. “É possível elevar a produção sem qualquer pressão de custo”, observou.
Setores
Máquinas e Equipamentos teve o maior crescimento do ano entre os segmentos, com alta de 13,5%, apesar da queda de 4,2% registrada em dezembro ante novembro, na série com ajuste. O total de vendas reais do setor teve alta de 14,7% na soma anual. O setor de Metalúrgica Básica caiu 1,8% em dezembro, na série dessazonalizada, e acumulou alta de 11,2% em 2007. Na conjuntura, destaque também para o total de vendas reais, que subiu 8,5%. O segmento de Minerais não Metálicos, que engloba materiais para construção civil, também teve desempenho positivo – 1,4% de alta em dezembro e 7% no ano. As vendas reais registraram saldo de 10,9%.
Na avaliação do diretor do Depecon, o setor de Produtos Têxteis foi o que apresentou maior esforço de reversão, frente às dificuldades do câmbio. No acumulado do ano, houve alta de 3,4%, ante queda de 2,8% registrada no ano anterior em relação a 2005. “Não foi o setor que mais cresceu, mas foi o que mais se recuperou, demonstrando capacidade de adaptação à crise”, disse Sacca. “A indústria se adapta, melhorando a produtividade e desenvolvendo métodos para aumentar a capacidade competitiva, mas o câmbio sem dúvida tira parte do mercado”, avaliou.
Previsões para 2008
Para o diretor do Depecon, apesar da crise externa, o ano começa bem – com mercado interno aquecido, massa salarial elevada, confiança do consumidor na economia acima do esperado e comércio sem estoque, o que indica maior volume de pedidos à indústria. “O crescimento da economia em 2007 deve fechar em torno de 5,3%. Se tudo ficasse igual, por inércia, teríamos uma expansão por volta de 2,5% neste ano”, assinalou. O diretor destacou ainda que o fim da CPMF deve gerar aumento de mais 1% para o PIB. “Temos, portanto, um estoque de 3,5%, e não deve haver dificuldade para chegarmos aos 5%”.
Para a atividade da indústria paulista em 2008, a previsão também é de crescimento de 5%. “O caminho é suave. A economia está em um ambiente de crescimento, e a indústria está investindo e empregando”, disse Sacca. A defasagem cambial, no entanto, continuará sendo um fator de ônus para a indústria, exigindo capacidade de adaptação. Além disso, os impactos da crise na economia norte-americana ainda são desconhecidos. “Num mundo globalizado, não podemos dizer que somos uma ilha e que não seremos atingidos. A influência existe. Mas temos reservas cambiais adequadas, economia dinâmica e possibilidade de estimular o mercado interno com corte na taxa de juros”, ponderou.
Agência Ciesp de Notícias
Mariana Ribeiro
30/01/2008