Exportadores perdem R$ 90 bilhões por conta da valorização cambial, diz Fiesp - CIESP

Exportadores perdem R$ 90 bilhões por conta da valorização cambial, diz Fiesp

 

Roberto Giannetti da Fonseca afirmou em entrevista coletiva, na sexta-feira (dia 8), que todas as medidas propostas pelo governo até hoje para conter a valorização do câmbio são paliativas. E fez um alerta: o Brasil precisa de uma solução em menos de dois anos para não sofrer uma desaceleração na economia.  
 
O diretor do Departamento de Comércio Exterior e Relações Internacionais (Derex) da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, estimou para este ano uma perda de R$ 90 bilhões da atividade exportadora, por conta da valorização cambial. Ele comparou a média cambial do ano passado, de R$ 2,10, com a estimativa de 2008, que deve ficar na casa do R$ 1,60.
 
De acordo com o diretor da Fiesp, além de uma possível retração da taxa de juros –utilizada para conter a inflação – o governo deveria controlar as despesas e forçar um ajuste fiscal. “Se não houver um choque de gestão, teremos uma forte desaceleração na economia”, disse. “Sem um ajuste fiscal, em menos de três anos perderemos o Grau de Investimento”, completou.
 
Um estudo divulgado pela Fiesp mostrou que o Brasil está em primeiro lugar no ranking dos países que mais apresentaram valorização em sua moeda em comparação ao dólar. Enquanto a média mundial foi de quase 23%, a brasileira ficou em 46%, bem a frente de seus amigos do Bric. A média da China foi de 22% e Rússia 17%.
 
Segundo Giannetti, a valorização cambial também foi a grande vilã pelo déficit de US$ 18,7 bilhões no saldo da balança comercial de produtos manufaturados e pelo aumento de US$ 30,2 bilhões nas importações, em apenas um ano. “Quem está segurando o saldo positivo total das exportações brasileiras é o agronegócio, com forte ajuda dos altos preços das commodities”, explicou.
 
Proposta
A Fiesp irá novamente conversar com o governo para articular sobre medidas capazes de reduzir essa valorização. Entre as propostas da entidade, está a criação do “ACC em reais”, que possibilitaria o financiamento das exportações com o uso da moeda nacional.
 
Atualmente, as operações de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), que permitem o empresário receber antecipadamente pelas mercadorias destinadas às exportações futuras, são realizadas em moeda estrangeira. A Fiesp propõe a substituição do financiamento externo pelo interno, o que, de acordo com Giannetti, eliminaria a entrada antecipada de dólares no País.
 
“Parece que é há uma inércia no governo em dar respostas sobre esse problema. Quando elas aparecem, são paliativas”, afirmou. “Ainda há tempo para consertar, mas não podemos esperar mais do que dois anos”, concluiu Giannetti.