Emprego na indústria paulista cresce em março

Levantamento realizado pelo Ciesp registra criação de 11.071 postos de trabalho em todo o Estado

A pesquisa mensal realizada pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) apurou que a indústria de transformação paulista criou 11.071 postos de trabalho no mês passado, o que representa um aumento de 0,53% em relação ao mês de fevereiro.

De acordo com a entidade, três setores foram responsáveis pela concentração da criação de empregos: álcool (18,72%), calçados (4,16%) e produtos alimentícios (1,77%), responderam por 94% do total das contratações no período. Na análise do diretor titular do Departamento de Economia (Decon), Boris Tabacof, os números mostram que a economia paulista está concentrada no crescimento do setor de bens não-duráveis, destinados ao mercado interno. “O motor que está puxando o crescimento da economia e, conseqüentemente, do emprego é o mercado doméstico, uma vez que as exportações estão concentradas nas commodities”, explicou Tabacof.

O diretor do Decon observou que a atual demanda está sustentada no crédito consignado, que, comparado ao mês anterior, subiu de 38% para 46,2% do total de crédito à pessoa física. Entretanto, Boris Tabacof observou que esta é uma recuperação que não assegura a sustentabilidade, no médio e longo prazo, sem novos investimentos. “Não há mágicas. Galgar novos patamares num horizonte mais longo tem a ver com novos investimentos”, colocou Tabacof que manifestou preocupação com o setor de máquinas e equipamentos, cujo faturamento caiu 8,9% nos meses de janeiro e fevereiro, em relação ao mesmo período de 2005.

O diretor do Ciesp aponta para um sério problema, que pode comprometer a economia em 2006: o relaxamento fiscal. “Em janeiro e fevereiro de 2005, o superávit primário chegou a 5,5% do PIB. No mesmo período de 2006 esse número baixou para 2,46% do PIB. Se o governo quiser atingir a meta deste ano de 4,25%, será preciso um arrocho muito grande daqui para frente”, afirmou Tabacof.

O desempenho do nível de emprego industrial em março teve uma melhora significativa em relação a igual mês do ano passado, quando foram criadas 2.805 vagas. No acumulado de 2006, houve a criação de 15.341 postos de trabalho, com 1.188 empregos a mais do que no mesmo trimestre de 2005.

Nove setores, que representam 34,61% do Estado, apresentaram desempenho negativo. São eles: química (-0,79%); edição, impressão e reprodução e gravações (-0,55%) e máquinas e equipamentos (-0,28%).

A pesquisa reúne cerca de 1.930 indústrias, distribuídas em cidades que possuem diretorias regionais do Ciesp. Os municípios, e seus entornes, que participam do levantamento representam 96% da mão-de-obra industrial do Estado de São Paulo, compreendendo cerca de 670 mil empregos.

As regiões que mais contrataram trabalhadores no mês de março foram: Sertãozinho, com 10,01%, Presidente Prudentes, (8,72%), Jaú (7,39%) e Araçatuba, com 5,45%. O diretor titular do Departamento de Integração Regional (DIR) do Ciesp, Mauro Miaguti, destacou a geração de empregos nessas cidades menos industrializadas. Enquanto os grandes centros como a Grande São Paulo (-0,03%), São José dos Campos (-0,52%) mostram números negativos, a variação é positiva em regiões menos tradicionais. “A tendência é, cada vez mais, o Interior do Estado apresentar um forte crescimento setorial”, disse Miaguti.

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