Doação: comunicar a família sobre a intenção é a atitude mais importante - CIESP

Doação: comunicar a família sobre a intenção é a atitude mais importante

Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp

Um doador pode salvar até sete vidas, além de contribuir para a saúde de outras pessoas: que poderão receber córneas ou até mesmo a pele. A fim de oferecer esclarecimentos e desmistificar crenças errôneas sobre a doação de órgãos no Brasil, a supervisora de enfermagem do Hospital do Rim, Vanessa Ayres, participou de live especial organizada pela Fiesp, Sesi-SP e Senai-SP, com a condução da coordenadora de Saúde e Bem-Estar, Débora Inglesi, e comentários de Sidarta Zuanon Dias, ambos do Sesi-SP.

A convidada enfatizou a importância do programa de doações e afirmou que seu funcionamento é satisfatório, claro e justo. “Muitas vidas são salvas por meio das doações: sete para cada doador, em média. Temos o maior programa de transplante público do mundo, mas ainda há potencial para crescer mais. Tudo o que o doador precisa fazer é comunicar sua família, e expressar sua vontade em vida”, explicou Ayres.

A falta de comunicação ainda é o maior entrave para que potenciais doadores possam beneficiar pessoas que aguardam por um transplante e esperança de sobrevida. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o número de doadores em 2021 caiu 26%, devido à Covid-19. Os procedimentos de pulmão, rim, coração e fígado foram especialmente afetados. “O objetivo desta conversa é justamente esclarecer dúvidas, desconstruir mitos e conscientizar os brasileiros em relação à importância da doação de órgãos”, disse a supervisora durante a live, que pode ser vista integralmente no YouTube da Fiesp.

Há desigualdade entre o número de doações e Vanessa. Atualmente há diversos serviços que buscam resolver essa equação e esclarecer a população sobre o tema. O site da ABTO tem diversos recursos úteis, bem como informações sobre a legislação vigente. “A doação só ocorre mediante autorização da família e ocorre efetivamente apenas com consentimento da família, formalizado por um termo assinado por eles. No Brasil, parentes até o quarto grau podem autorizar a doação, e isso deve ser comprovado por meio de documentos”, observou a palestrante.

Conscientização

Pesquisas citadas pela enfermeira revelam que 60% das famílias não doam por desconhecerem a vontade do doador. “Falar sobre morte ainda é um tabu, mas é fundamental que a família converse sobre isso e saiba a intenção de seus familiares, pois nada é feito sem a devida autorização de seus familiares. O que prevalece é o consentimento da família”. Mas não basta isso, pois após a autorização é necessário verificar a compatibilidade entre doadores e receptores.

A corrida contra o tempo é outra questão abordada por Ayres. “Os órgãos precisam ser doados enquanto o coração ainda bate, sendo ele mesmo um dos que demandam até seis horas para o transplante depois de retirado do corpo, bem como os pulmões. Fígado e pâncreas podem esperar até 12 horas e os rins até dois dias, mas, quanto menor for o tempo, maior será a chance de sucesso no pós-operatório do receptor”, afirmou.

Alguns municípios oferecem benefícios às famílias, como a isenção do pagamento dos custos funerários. Segundo a especialista, a maior recompensa é saber que houve a contribuição para quem precisa. “São mais de 45 mil pessoas esperando por um transplante, e apenas 3.000 transplantes realizados por ano”, disse Ayres.

Para ver a live na íntegra, acesse o YouTube da Fiesp.