Diversidade: uma pauta que deve estar mais presente nas corporações - CIESP

Diversidade: uma pauta que deve estar mais presente nas corporações

Milena Nogueira, Agência Indusnet Fiesp

Para Luiza Junqueira, diretora do Comitê de Jovens Empreendedores (CJE) da Fiesp, o tema diversidade e inclusão está mais presente na sociedade hoje em dia. “Quem sofre mais pela inserção são os que estão nos extremos, as pessoas menos favorecidas. Por isso, precisamos de novas narrativas, como pessoa, desde cuidar da nossa saúde até o governo tomar ações mais efetivas. Devemos trabalhar muito a comunicação para que o processo funcione de forma efetiva e que as corporações sejam impactadas”, incentiva.

Junqueira destacou também que os brasileiros se preocupam mais com a sustentabilidade. Um exemplo disso são as construções sustentáveis com perfil mais tecnológico, mas que representam, ainda, 1% do PIB brasileiro. “Precisamos trabalhar para conscientizar o país sobre a importância desse tipo de construção e torná-la mais acessível e democrática a todos, sem nichos”.

Junqueira menciona que as grandes corporações estão trabalhando a questão da sustentabilidade e do bem-estar ao focar em um ambiente mais saudável para seus colaboradores. “Não se deve focar apenas nas grandes corporações, todo mundo é parte, e como indivíduo temos de contribuir”.

Como engajar colaboradores com pautas de diversidade e voluntariado

Grácia Elisabeth Fragalá é diretora titular do Comitê de Responsabilidade Social (Cores) da Fiesp e atua há mais de 15 anos como responsável pelas áreas de Saúde Corporativa, Segurança no Trabalho, Saúde Ocupacional no Grupo GPA e na Telefonica Vivo. Trabalha com indústrias diversas e parcerias estratégicas com vistas ao engajamento nas pautas de diversidade.

De acordo com o levantamento que apresentou, o Brasil é bem diverso. A maioria da população é composta por mulheres; sendo 27,8% negras; 20 milhões de pessoas são declaradamente da comunidade LGBTQIA+, 45 milhões declaram ter algum tipo de deficiência e 57% da população é composta por negros ou pardos, na classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fragalá, no entanto, fez uma provocação, ao indagar se a sociedade observa nas corporações essa diversidade. “Quando olhamos para as empresas conseguimos ver essa representatividade?”, questiona.

Para Fragalá, as empresas já perceberam que ter um público interno diversificado é benéfico para os negócios e para a sociedade. “Com abordagens diferentes para solucionar problemas, equipes diversas trazem inovação e soluções criativas”. Porém, algumas corporações não conseguem passar essa imagem e precisam engajar seus colaboradores com alguns passos.

10 passos para o engajamento de diversidade nas empresas:

  • Os programas precisam fazer sentido para as pessoas da corporação;
  • Identificar e quantificar quem são essas pessoas. ‘Desenhar’ programas para pessoas reais que estão na empresa e verificar se há diversidade de gênero, raça, faixa etária, etc.
  • Comunicar os colaboradores sobre os benefícios da diversidade para os negócios e o ambiente corporativo;
  • Oferecer palestras, cursos, treinamentos sobre diversidade;
  • Criar um espaço para discussão, como um comitê ou grupos de interesse para debater o tema;
  • Cuidar para impedir as barreiras de acesso no recrutamento. Recrutar profissionais apenas pelas habilidades sem exigir cursos específicos;
  • Periodicamente, refazer o censo de diversidade entre os colaboradores;
  • Disponibilizar um canal anônimo para reclamações e denúncias;
  • Criar ações afirmativas e estabelecer cotas para pessoas com deficiência, mulheres, negros, transgêneros e outras minorias sociais;
  • Influenciar seus parceiros. Trazer pessoas que possam abraçar essa causa e fazer a diferença.

 

Preconceito no ambiente de trabalho

Joyce Baena, consultora e sócia fundadora da La Gracia e da HUG, uma  plataforma de encontros de construção colaborativa de conhecimento, conta que foi muito afetada ao se comparar com outros colaboradores, no meio fechado onde atuava como publicitária, no início de sua carreira. “Muitas vezes, o perfeccionismo me sobrecarregou. Nada do outro era suficiente, não era bom, eu achava que só o meu era o melhor”.

Passada essa experiência, Baena desenvolveu uma pesquisa sobre aspectos comportamentais. Em seu processo, descobriu que as pessoas tinham preconceito em relação às outras dentro do universo corporativo, independente da condição física ou social. Segundo ela, há questões invisíveis que não são percebidas, na forma como se lida com pessoas com ideias, crenças e conhecimentos diferentes.

“No geral, temos mais afinidade com quem mais se assemelha a nós em gostos e preferências. Por isso, precisamos olhar para cada indivíduo respeitando sua história. Precisamos trabalhar com uma mensagem de amor e não de preconceito. Que o respeito esteja presente nas corporações e estimule a diversidade e o voluntariado”, argumenta Baena.