Desempenho da indústria paulista cai 5,9% em 2014 - CIESP

Desempenho da indústria paulista cai 5,9% em 2014

Segundo pesquisa da Fiesp e do Ciesp, resultado só não é pior que de 2009, ano crise, quando houve registro de queda de 9,3%

A atividade da indústria paulista encerrou o ano de 2014 com queda de 5,9% em relação a 2013, aponta o levantamento da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp). De acordo com o diretor de Economia das entidades, Paulo Francini, a trajetória do último trimestre do ano passado agravou a já debilitada situação do setor manufatureiro.

“O que já era ruim ficou um pouco pior”, afirma o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon), responsável pelo Indicador de Nível de Atividade (INA). Somente em dezembro de 2014, a performance do setor manufatureiro paulista registrou queda de 4,3%, na leitura mensal com ajuste sazonal. Em novembro, o desempenho da indústria recuou 1,6% sob a mesma comparação.

A variável do índice que mais apresentou queda em 2014, foi a de horas trabalhadas na produção, com declínio de 6,6% no ano.

Francini explica, no entanto, que o componente de horas trabalhadas, apesar de um dado físico importante para o indicador, pode sofrer interferências mais complexas que não resultem em uma baixa produção, como o aumento da produtividade, ou seja, o uso das mesmas horas para fabricar mais produto.

“O INA é um indicador que mistura dados físicos e financeiros. O número de produção deveria acompanhar o número de horas trabalhadas, se não existisse a diferença da produtividade, ou seja, há particularidades. Porém, no grande jogo, a mensagem é essa: 2014 foi muito ruim”, esclarece.

Ainda segundo a pesquisa, o componente Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) ficou em 79,6% em dezembro de 2014 contra 79,4% em novembro do mesmo ano.

O resultado de 2014 foi mais negativo que o estimado pelo Depecon, que projetava uma queda de 5,4 no final do ano passado. Francini associa o desempenho ruim da indústria à má performance da economia.

“Espera-se evolução do PIB de 2014 próxima de zero. Quando um PIB cresce, e cresce vigoroso, é porque a indústria está crescendo, quando se tem um PIB zero, a indústria vai ter um resultado negativo”, explica o diretor do Depecon.

Ele reitera ainda que o já esperado ajuste fiscal, aumento dos juros e contenção do crédito não desenham um início de ano “brilhante”.  Francini acrescenta ainda que, com os “fantasmas da crise hídrica e energética voando, é difícil ver algo positivo”.

Setores

A indústria automobilística registrou um dos piores desempenhos em São Paulo durante 2014. De acordo com o levantamento, a atividade do setor despencou 15% na comparação com 2013. Somente em dezembro, a performance dessa indústria piorou em 9,3% na leitura mensal com ajuste sazonal.

O desempenho do segmento de metalurgia básica também amargou uma forte queda no ano, de 5,6% versus comportamento de 2013. Na comparação mensal, o setor caiu 3,8%, com ajuste sazonal.

A indústria de máquinas e equipamentos também se destacou entre as quedas com declínio de 3,9% no ano. No mês, o desempenho do setor caiu 4,7%.

Percepção

A percepção geral dos empresários diante do cenário econômico, medida pelo Sensor Fiesp, mostrou estabilidade no mês de janeiro, a 47,7 pontos contra 45,9 pontos em dezembro. O diretor do Depecon destaca, no entanto, que se trata de um resultado “atípico” para o mês de janeiro.

“Início de ano sempre tem aquela esperança, o entusiasmo foi substituído por um cansaço que parece ser residual do ano passado”, afirma Francini.

Em janeiro de 2014, o Sensor Fiesp apontava uma leitura de 49,9%. Com exceção da variável Estoque, resultados em torno dos 50 pontos indicam estabilidade. Acima disso há otimismo e abaixo, pessimismo.

O componente Mercado mostrou alta de quase cinco pontos, para 45,5 em janeiro contra 40,9 pontos no mês anterior. O mesmo aconteceu com o componente Vendas, que subiu mais de seis pontos para 50,8 pontos em janeiro versus 43,6 pontos em dezembro.

Já a percepção quanto ao item Estoque piorou para 42,9 pontos no mês corrente ante 48,2 pontos no mês anterior.  Enquanto a variável Emprego mostrou alta, de praticamente dois pontos, para 47,9 contra 45,8 pontos em dezembro.

De acordo com o levantamento, a percepção quanto ao componente Investimento ficou estável a 51,5 pontos contra 50,9 pontos em dezembro.

Alice Assunção, Agência Indusnet Fiesp