Cases de sucesso de indústrias brasileiras que transformaram a realidade da Amazônia são apresentados em live - CIESP

Cases de sucesso de indústrias brasileiras que transformaram a realidade da Amazônia são apresentados em live

Mariana Soares, Agência Indusnet Fiesp

A Amazônia é hoje o maior bioma do mundo. São 5,2 milhões de km² de florestas densas e abertas, o equivalente a 60% do território nacional. Cerca de 29 milhões de pessoas moram na região que, se fosse um país, seria o 7º maior do mundo. Não é de hoje que o tema atrai a produção de pesquisas e de discussões. A Fiesp, entidade que promove debates importantes para o país com representantes de diversos segmentos, realizou, na última terça-feira (25/5), uma live cuja a finalidade foi apresentar cases de sucesso de diferentes áreas industriais, que transformaram a realidade de muitas comunidades da Amazônia.

O debate aconteceu durante reunião on-line promovida pelo Conselho Superior de Meio Ambiente (Cosema) da Fiesp e pelo Departamento de Desenvolvimento Sustentável (DDS) da Fiesp e do Ciesp. Um dos grandes desafios da região é o fomento ao desenvolvimento de atividades econômicas que possam, além de criar ofertas de emprego e renda para os quase 30 milhões de brasileiros que lá habitam, preservar nosso maior patrimônio natural.

O presidente do Cosema, Eduardo San Martin, abriu o encontro on-line convidando a todos os que estavam conectados a assistirem a um vídeo com o objetivo de valorizar a importância do Dia da Indústria, vivenciado na data da reunião.

No vídeo, Paulo Skaf, presidente da Fiesp, do Ciesp, Sesi, Senai e IRS (Instituto Roberto Simonsen), enfatizou o papel da indústria para o desenvolvimento do país, crescimento do PIB Produto Interno Bruto (PIB), geração de emprego e renda. Isso, sem esquecer que, durante a pandemia, a população teve condições concretas de enxergar a atuação precisa e urgente dos industriais na pronta produção de embalagens, alimentos, respiradores, máscaras, álcool em gel, entre outros itens de suma necessidade.

Sobre o tema da live, San Martin, explicou que é fundamental que o país lide com suas questões ambientais de uma maneira inteligente. “Nós, enquanto entidade, priorizamos mostrar soluções que dão certo, que conferem resultado. Hoje, será possível conhecer cases de comprovada atividade sustentável na Amazônia. Nosso intuito é ser este espaço de difusão do que acontece de bom na região, inspirar iniciativas e fomentar o debate”, explicou.

Em reunião do Cosema e do DDS foram apresentados diversos cases voltados à Amazônia e sustentabilidade. Fotos: Everton Amaro/Fiesp

O diretor geral da Wickbold, Pedro Wickbold, apresentou a estratégia da companhia que, desde 2016, passou a ser a de fabricar itens alimentícios de alto valor agregado, promovendo relações éticas e mais equilibradas, com intuito de manter a preservação de áreas protegidas e a floresta em pé.

A marca, que fabrica um pão especial que contém castanha-do-pará e quinoa, foi procurada pelo programa Origens Brasil, uma vez que realizava uma compra significativa dos insumos. O Origens Brasil é uma rede que promove negócios sustentáveis na Amazônia, em áreas prioritárias de conservação, com garantia de origem, transparência, rastreabilidade da cadeia produtiva e promovendo o comércio ético.

De acordo com Wickbold, desde 2016, a companhia investiu mais de R$ 3,5 milhões em compras de castanha-do-pará da Amazônia, por meio do Origens Brasil. Uma contribuição efetiva para a geração de renda de mais de 1 mil indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Nas contas do diretor-geral, um reforço direto para a conservação de mais de 12,5 milhões de hectares na região. 

“Nós não conseguiremos nunca montar uma jornada de preservação sem olhar para as pessoas que lá vivem. Antigamente, esse comércio era feito por escambo, o que gerava um retorno irrisório. Custo que não bancava, por exemplo, que as pessoas entrassem na floresta pra fazer essas colheitas. Com o Origens Brasil, os extrativistas se organizaram por meio de associações e nós, indústrias, passamos a fazer a compra diretamente desses profissionais, deixando de fato o valor do recurso nas mãos deles”, explicou Wickbold. 

Aspectos observados por todos os participantes do encontro on-line, as novas gerações realizam, cada vez mais, algumas perguntas importantes antes de realizarem suas escolhas de compras. “As pessoas estão se questionando se aquilo faz bem, se é ético, se é bom para a saúde delas e ainda se aquele item ou quem o produz ajuda, de alguma forma, a transformação do país e do mundo”, completou o expositor.

A diretora executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Essenciais, Produtos Químicos Aromáticos, Fragrâncias, Aromas e Afins (Abifra), Maria Eugenia Proença Saldanha, pontuou uma percepção: “os moradores da floresta sentem-se empoderados quando se enxergam mantendo modos tradicionais de vida, inibindo, assim, a atuação do desmatamento, passando a trabalhar como agentes ambientais”. 

“Dessa forma, conseguimos proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas. Nós, como um segmento inovador da indústria, valorizamos o aspecto de descobrir novos ingredientes e explorá-los de uma maneira sustentável.”, completou Maria Eugênia. 

A Symrise Amazon é o principal fornecedor de ingredientes que a marca de produtos de beleza e cosméticos Natura utiliza em suas formulações. Cristiane de Moraes, gerente geral de Produto da Symrise Amazon, apresentou, durante a live, os itens que a empresa fabrica e, entre outros assuntos, falou da importância de terem sido reconhecidos com a certificação da União para BioComércio ético (UEBT), selo que atesta que os ingredientes são eticamente abastecidos e de origem sustentável.

“Confeccionamos produtos com matérias-primas como Açaí, Andiroba, Cupuaçu, Murumuru, Maracujá, Patauá, Tucumã, entre outras. O mais relevante de termos esse certificado é que conseguimos monitorar mais de 59 mil hectares na Amazônia, priorizando, dessa forma, a rastreabilidade e origem desses produtos”, contou.  No ano passado, foram comercializadas pela Symrise Amazon mais de 250 toneladas de ingredientes, impactando positivamente 3.100 famílias, ou seja, mais de 12 mil pessoais residentes nos estados do Amapá, Amazonas e Pará. 

Andreia Monteiro, diretora do Instituto E, explicou o case da marca de roupas Osklen, que há mais de 20 anos pesquisa e trabalha a moda como plataforma de transformação.  Tirar o tema sustentabilidade das esferas mais especializadas e inserir a discussão na escolha do que vestir é levar o debate para a rua. “Estamos fazendo parte desta mudança de mindset. Nosso pensamento foi: e se a moda criasse produtos que ajudassem a fortalecer projetos socioambientais? Um produto que não se preocupa tem um débito com o consumidor, com o meio ambiente”, disse.

Foi a partir dessa ideia que a marca criou o primeiro tênis com eco lona, couro bovino certificado, ou seja, com rastreabilidade e sem substâncias tóxicas. O solado é feito de látex natural da Amazônia. “O produto é fruto do trabalho da Osklen e do Instituto E aliado a cooperativas dos povos das florestas, pesquisadores e ativistas”, completou.

Eduardo San Martin encerrou o encontro on-line enfatizando a importância de conhecer e apoiar iniciativas como as apresentadas. “Esses cases são a prova de que é possível mudar. Nós gostaríamos que vocês continuassem se transformando neste exército de divulgação para a sociedade do que é bom e do que não é. Com a população informada, tendo acesso à educação, teremos mais condições de reivindicar o que é melhor pra ela, para a sociedade, para o nosso país”, complementou. 

Clique para assistir a íntegra da reunião.

Conheça também o estudo da Fiesp Amazônia, você precisa saber.