Atividade industrial paulista registra estabilidade em fevereiro - CIESP

Atividade industrial paulista registra estabilidade em fevereiro

Segundo diretor de Economia do Ciesp e da Fiesp, Paulo Francini, resultado era esperado

O desempenho da indústria paulista não mostrou vigor em fevereiro, em comparação com janeiro, e ficou estável. Na leitura com ajuste sazonal, o Indicador de Nível de Atividade (INA) do setor manufatureiro ficou em 0% no mês. O resultado corrobora, portanto, a percepção e a expectativa da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp) de baixo dinamismo da atividade industrial, avaliou o diretor das entidades, Paulo Francini.

Após um ganho “excepcional”, na análise de Francini, de 2% da atividade em janeiro, o número inexpressivo de fevereiro sugere o retorno da indústria à rota de baixo crescimento.

“Dezembro foi excepcional para o negativo e janeiro foi excepcional para o positivo e, de certa maneira, compensou as perdas de dezembro. Então o zero [de fevereiro] está mais dentro das nossas expectativas para a indústria no ano”, afirmou.

A federação estima que o INA deve encerrar 2014 com queda de 1,6%. As expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) são de 1,4%, contra previsão anterior de expansão de 2%. Já o prognóstico para o PIB da indústria de transformação é de queda de 0,8% em 2014, versus previsão anterior de 2%.

Segundo Francini, o indicador do mês não traz nenhuma perspectiva nova além da manutenção de uma baixa taxa de crescimento. “Eu diria que não precisa se preparar para grandes emoções, nem para o mal nem para o bem”.

Risco
Há dois dias a agência internacional de classificação de risco Standard & Poor´s reduziu a nota de avaliação do Brasil de BBB para BBB-. As estatais Petrobras, Eletrobras e Samarco também sofreram a redução.  Embora gere pessimismo, Francini acredita que, além de esperado, o resultado não se sobrepõe à realidade de fraco crescimento no país já percebida pelos economistas e, sobretudo, pelo governo. Portanto, ele não espera grande impacto da redução da nota no país na atividade industrial.

“Tomar uma agência de classificação de risco como sendo algo muito próximo da verdade absoluta, eu diria que é uma consideração equivocada. A agência já teve enormes embaraços no passado, falhas, e, portanto, não é dona da verdade”, alertou. “Por outro lado, ela indica algo que o governo já percebeu e que está trabalhando para que seja remediado”, completou.

Ele reiterou que o mercado previa não a possibilidade, mas o rebaixamento da nota. Mas “a realidade é muito mais forte do que as estimativas ou as notas. A realidade é a que no fundo de impõe”.

Atividade da indústria paulista

No acumulado de 12 meses, a atividade industrial paulista cresceu 0,4%, sem ajuste sazonal. Já no ano, o desempenho do setor manufatureiro caiu 5,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na comparação com fevereiro do ano passado, o INA apresentou queda de 2,8%.

O componente Horas Trabalhadas na Produção exerceu a maior influência negativa no levantamento de fevereiro, com baixa de 0,9% no mês, sem influências sazonais. Já a variável Total de Vendas Reais impediu maiores perdas do indicador ao registrar forte crescimento de 2,5%.

O indicador projeta ainda um ganho de 0,7% em fevereiro contra janeiro da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física (PIM) de São Paulo, indicador de produção industrial mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) do INA fechou fevereiro praticamente estável a 81,3%, contra 81,2% em janeiro, com ajuste sazonal.

O setor de Artigos de Borracha e Plástico se destacou entre os desempenhos positivos com taxa de 0,3% no mês. Por outro lado, a indústria de Móveis foi destaque das baixas com variação negativa de 2,4%, com ajuste sazonal. O segmento de Metalurgia Básica encerrou fevereiro com baixa performance de 0,7%.

Percepção econômica
A percepção geral dos empresários com relação ao cenário econômico no mês de março, medida pelo Sensor Fiesp, ficou praticamente estável a 51,9 pontos contra 51,4 pontos em fevereiro.

O item Mercado também ficou estável a 54,4 pontos em março ante 53,6 pontos em fevereiro, enquanto a percepção dos empresários com relação a Vendas subiu para 55,3 pontos este mês versus 51,5 no mês passado.

O componente de Estoque caiu de 46,4 pontos em fevereiro para 48,6 pontos em março, indicando sobrestocagem nas indústrias.

A percepção quanto ao Emprego também caiu de 50 pontos em fevereiro para 46,6 pontos em março. O componente Investimento ficou estável a 54,7 pontos em março contra 55,5 pontos em fevereiro.

Alice Assunção, Agência Indusnet Fiesp