Atividade industrial de SP sobe 0,8% em fevereiro, mas ainda não há sinal de recuperação - CIESP

Atividade industrial de SP sobe 0,8% em fevereiro, mas ainda não há sinal de recuperação

Fiesp e Ciesp mantêm sua estimativa de desempenho fraco do setor em 2015

A atividade da indústria paulista registrou aumento de 0,8% em fevereiro na comparação com janeiro, sem influências sazonais. Apesar de positivo, o resultado ainda não sinaliza uma retomada da produção, indica a pesquisa da Federação e do Centro da Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), divulgada nesta terça-feira (31/3).

“Percebemos que esse aumento tanto em janeiro quanto em fevereiro é reflexo da grande queda que houve em novembro e dezembro”, explica o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp, Paulo Francini.

A equipe de economia das entidades é responsável pelo levantamento Indicador de Nível de Atividade (INA) no estado de São Paulo.

O Depecon revisou para cima o resultado do INA de janeiro, de 2,9% para forte alta de 5,4%, com ajuste sazonal. Mesmo assim, Francini diz não ver “no número em si a condição de alterar a visão que temos quanto ao desempenho da indústria para o ano de 2015, que é um mal desempenho”, alerta o diretor.

A Fiesp e o Ciesp projetam uma queda de 5% da atividade industrial de São Paulo em 2015. E Francini reitera que o baixo grau de confiança do empresariado ainda influencia negativamente o investimento no setor.

“Os investimentos continuam comprometidos por essa visão de futuro”, diz Francini sobre a provável retirada dos programas de desoneração da folha e do Reintegra, e o aumento da tarifa de energia, da taxa de juros, além da desaceleração do consumo doméstico.

No acumulado de 12 meses, a atividade industrial paulista apresentou queda de 5,9%.  Já o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) se manteve em 79% em fevereiro.

Câmbio
Embora a significativa desvalorização do Real com relação ao dólar estimule em certa medida a competitividade da indústria brasileira, Francini pondera que ainda não é possível dimensionar o impacto da mudança cambial no setor produtivo.

“Certamente o efeito é positivo, mas dimensioná-lo é mais complicado porque há esse tempo necessário para as empresas ganharem posição no mercado externo. Ou seja, é um tempo impossível de determinar. É uma coisa que vai depender do particular setor, da particular empresa”, afirma.

Setores
A indústria de celulose, papel e produtos de papel se destacou entre os comportamentos de alta, com ganhos de 4,7% em fevereiro ante janeiro, na leitura com ajuste sazonal.  A maior parte da produção do setor é direcionada para exportação, que vem sendo beneficiada pela trajetória de desvalorização do Real frente ao dólar.

O setor de máquinas e equipamentos também anotou alta em fevereiro, a 2,2% com relação ao mês anterior.  Já o segmento de metalúrgica básica registrou queda de 1,3% na comparação mensal. O aumento dos custos com energia e combustível tem influenciado negativamente o desempenho dessa indústria.

Percepção
A percepção geral dos empresários diante do cenário econômico, medida pelo Sensor Fiesp, se manteve estável em março, a 48,8 pontos contra 47,9 pontos em fevereiro.

O componente Mercado também apresentou estabilidade, de 48,6 em fevereiro para 46,9 pontos no mês corrente. Enquanto o item Vendas subiu de 49,4 pontos no mês passado para 53,5 pontos em março.

A variável Estoque aumentou para 46,4 pontos em março ante 42,4 pontos no mês anterior.  E a percepção quanto ao Emprego caiu para 44 pontos contra 46,1 pontos em fevereiro.

De acordo com o levantamento, a percepção quanto ao componente Investimento ficou estável a 53,4 pontos contra 52,9 pontos em fevereiro.

Com exceção da variável Estoque, resultados em torno dos 50 pontos indicam estabilidade. Acima disso há otimismo e abaixo, pessimismo.

Alice Assunção, Agência Indusnet Fiesp