Atividade da indústria paulista tem ligeira alta em setembro, mas cai no 3º trimestre do ano - CIESP

Atividade da indústria paulista tem ligeira alta em setembro, mas cai no 3º trimestre do ano

Indicador deve encerrar o ano de 2014 com queda de 5%, segundo diretor do Ciesp e da Fiesp

O desempenho da indústria paulista ficou praticamente estável em setembro ante agosto. Foi uma variação positiva de 0,1%, com ajuste sazonal, segundo o Indicador de Nível de Atividade (INA) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp).

O levantamento apontou, no entanto, que o desempenho do setor manufatureiro paulista encerrou o terceiro trimestre do ano com queda de 0,1% na comparação com o trimestre imediatamente anterior.

O conjunto de variáveis que compõe o INA também apresentou taxas negativas no mês passado. Mas o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp, Paulo Francini, esclarece que o ligeiro crescimento do mês foi motivado pela projeção de alta de 0,5% da Produção Industrial Paulista (PIM-SP), incorporada ao levantamento do indicador das entidades.

“A nossa projeção da PIM, a despeito da taxa ruim das outras variáveis, acabou prevalecendo para estabelecer uma variação positiva”, complementa o diretor.

Embora tenha apresentado ligeira alta, a expectativa para a atividade da indústria até o fim do ano continua sendo de desaceleração. Segundo Francini, o INA deve encerrar o ano com queda de 5%.

“Pequenas altas ainda não configuram um processo de recuperação. Queiramos ou não, o panorama de 2014 já está fechado, ou seja, vai ser um ano ruim para a economia brasileira e ruim para a indústria brasileira”, reitera.


Interrupção da queda

Apesar do veredito para 2014, o diretor do Depecon avalia que a interrupção de uma queda que estava ocorrendo de forma progressiva no índice de atividade é “um elemento essencial” para que se inicie um processo de recuperação da indústria. Mesmo assim, ele analisa com cautela o resultado de ligeira alta dos últimos dois meses.

“A interrupção de queda que nós temos não é suficientemente clara porque a variação de dois meses não dá tal garantia. Nós acreditamos que ainda não é o momento de fazer tal comemoração”, diz Francini.

O Depecon revisou para cima o INA de agosto versus julho para um crescimento de 0,4%. Os últimos meses positivos não devem, segundo Francini, “variar grandemente o resultado previsto em 2014”, mas a atividade de 2015 pode não começar em queda.

Atividade em setembro

A atividade do setor manufatureiro em São Paulo caiu 5,2% no acumulado de 12 meses, contra igual período imediatamente anterior. A variação, sem ajuste sazonal, é próxima à projeção de queda de 5% para o índice no final do ano.

Com relação ao mesmo mês de 2013, o indicador apresentou recuo de 1,8%, também sem ajuste sazonal. Todas as variáveis de conjuntura mostraram fraco desempenho em setembro. O destaque negativo na composição do índice do mês foi a variável Total de Vendas Reais, que caiu 0,4% frente a agosto.

As Horas Trabalhadas na Produção caíram 0,1%, enquanto o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) registrou perdas de 0,2% ponto percentual para 79,5%.

Na contramão, o desempenho da indústria de Minerais não Metálicos registrou alta de 2,8% em setembro versus o mês anterior, na leitura com ajuste sazonal, em meio a ganhos nos itens Total de Vendas Reais (+6,9%) e Horas Trabalhadas na Produção (+2,3%).

A variação positiva de Minerais não Metálicos também se explica nas significativas vendas de materiais de construção em setembro. Já a atividade no setor de Alimentos apresentou queda consecutiva de 0,9% em setembro ante agosto, influenciada em parte por aumentos dos preços ao consumidor e piora dos fundamentos de consumo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a classe de despesa Alimentos e Bebidas registrou o maior aumento na leitura mensal, sendo o principal impacto “altista” sobre o resultado geral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no período.

A indústria de Móveis também encerrou setembro em queda. O segmento registrou declínio de 1,1% no mês, abatido principalmente pela retração de 1,3% do componente Total de Vendas Reais. O fraco desempenho do setor reflete a piora dos fundamentos de consumo das famílias.


Percepção

A percepção geral dos empresários diante do cenário econômico, medida pelo Sensor Fiesp, mostrou estabilidade este mês, a 48,5 pontos em outubro contra 48,6 pontos em setembro.

A variável Mercado também ficou estável, a 50,2 pontos no mês corrente versus 52 pontos no mês anterior. O mesmo aconteceu com o componente Investimento, que ficou em 50,5 pontos em outubro versus 49,2 pontos em setembro.

A percepção quanto ao item Emprego também se mostrou estável, em 45,2 pontos em outubro ante 44,7 pontos em setembro. A variável Vendas apresentou ligeira queda, com 50,7 pontos contra 52 pontos no mês anterior.

De acordo com o levantamento, a percepção quanto ao componente Estoque ficou em 45,7 pontos em outubro ante 44,9 pontos em setembro.

Agência Ciesp de Notícias