‘Agora, o BNDES começa a olhar a tecnologia de outra forma”, afirma presidente do banco em debate no Acelera Fiesp
- Atualizado emIsabela Barros, Agência Indusnet Fiesp
Mais linhas de financiamento à disposição. E um olhar mais atento às necessidades das startups. Pelo menos essas foram as perspectivas apresentadas no primeiro painel de debates do 22º Acelera Startup, concurso e evento de empreendedorismo aberto nesta segunda-feira (12/11), na sede da Fiesp, em São Paulo. A iniciativa envolve palestras, debates, mentoria e sala de crédito, entre outras opções.
Presidente do BNDES, Dyogo de Oliveira foi um dos participantes do debate. “Agora o BNDES começa a olhar a tecnologia de outra forma”, disse. “As garantias foram facilitadas, com a melhora nos serviços e condições diferenciadas de crédito”.
Nesse sentido, Oliveira citou o BNDES Garagem, programa de aceleração de startups. “É a nossa contribuição para fortalecer o sistema de inovação”.
Segundo ele, os fundos com esse foco no banco já somam R$ 3 bilhões.
“Além disso, o BNDES financia várias opções de microcrédito locais, temos tradição nisso”, disse. “Esse ano já investimos mais de R$ 100 milhões nessa modalidade”.
Conforme Oliveira, trata-se de uma mudança de foco. “Sempre fomos marcados pelos grandes projetos e isso vai seguir, mas já existe uma mudança de direcionamento”, afirmou. “Temos produtos cada vez mais adequados às necessidades das startups e vamos levar para os governos sugestões nesse sentido”.
Gestor nacional do Fundo Criatec 2, Fernando Wagner da Silva foi outro convidado do painel. Segundo ele, já são 36 empresas contempladas na iniciativa.
“Algumas delas já estão entrando em estado de maturidade avançado, com faturamento de R$ 30 milhões”, disse. “Temos investimentos em todo o país, o que já é uma inovação por si só”.
Conforme Silva, o bom empreendedor recebe investimento até “se tiver uma barraca de cachorro-quente com potencial para virar franquia”. “Estude o mercado e o problema que você quer resolver que as oportunidades se abrem”, disse.
Diretor da Altave, de monitoramento e conectividade, Leonardo Mendes Nogueira é um ex-participante do Acelera. E compartilhou a sua experiência. “O Brasil é um país de empreendedores com persistência e foco”, disse. “Na hora de se vender para o investidor, é preciso acreditar no que vocês estão vendendo”.
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Outros painéis do primeiro dia do Acelera abordaram inovação no mercado financeiro, longevidade e bem-estar, Indústria 4.0 e até os unicórnios – empresas que crescem rapidamente e superam US$ 1 bilhão de valor de mercado.
Indústria 4.0 – O Grande Desafio Da Indústria Nacional
Beatriz Alves, economista e pós-graduada em administração industrial, fundadora da Br Goods, abriu o painel elogiando o Acelera e as possibilidades de networking que propicia.
Angelo Figaro Egido, CIO da Renault, explicou que na empresa a busca de eficiência e produtividade se apoia nos dados gerados. Os desafios são imensos, as tecnologias estão à disposição. O grande desafio será como tratar os dados para coisas como os carros autônomos.
Clayton Marcondes, Head Nacional de Fabricantes de Máquinas da Schneider Electric, frisou que a Internet das Coisas foi o principal habilitador para a digitalização característica da Indústria 4.0. A grande quantidade de dados gerada pela internet das coisas traz novas possibilidades de análise – e de previsão do que acontecerá, o que aumenta cada vez mais a eficiência.
Os gêmeos digitais, coletando e analisando dados dos sistemas reais, também trazem ganhos.
Marcos Santos, CEO e fundador da Aquarela Advanced Analytics, explicou que há dois pilares muito fortes na Indústria 4.0, a inteligência artificial e a inteligência coletiva. A Aquarela começou há 10 anos criando algoritmos. A metodologia de aplicação da inteligência artificial, não importa para qual setor, é a mesma. O que muda é a personalização para cada um, disse.
Como inserir o Brasil na Indústria 4.0? Para Beatriz Alves o processo está começando. Marcondes vê como um dos desafios a regulamentação. É preciso também haver uma mudança de mentalidade, que não depende somente da educação. Uma das oportunidades que enxerga está no uso de blockchain para a rastreabilidade da indústria de alimentos. Santos acredita que a indústria precisa se abrir para o risco, por exemplo por meio do investimento em startups. Egido vê como diferencial a retenção de talentos nas empresas. Ramon Ferreira, sócio e diretor de Inovação da GoEPIK, também vê valor nas startups.
Unicórnio brasileiro
Fernando Seabra, especialista em inovação, empreendedorismo e startups, conduziu o painel, em que Bruno Nardon Felici, presidente da Rappi Brasil, frisou a importância dos investidores na criação de um unicórnio. Os Estados Unidos, afirmou, são exemplo disso. Mas, lembrou, muitas empresas não precisam de tanto capital.
Foi a partir das demandas ouvidas dos clientes que foram surgindo os diferentes serviços específicos de entrega do Rappi, que começou trabalhando com a entrega de compras de supermercado.
Inovação no mercado financeiro
Nathália Brito, diretora do Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria e Acelera Fiesp, abriu o painel perguntando o que cada uma esperava para dali a 5 anos.
Marcos Arruda, CEO e fundador da Moneto, disse que as fintechs se firmarão como as instituições muito próximas dos clientes. Um banco digital para os economicamente ativos desbancarizados. São pequenos bancos digitais de nicho, afirmou.
A grande mudança na interface de relacionamento com o setor bancário foi destacada por Paulo Nascimento, da Samsung Pay.
Para Francisco Venancio, head do programa Inovabra-startups do Bradesco, há 3 pilares, o banco físico, os ativos digitais, e o open banking, o que deverá abrir um leque de mudanças drásticas. Precisaremos cada vez mais contar com a colaboração das fintechs e das grandes, como o Google, afirmou.
Longevidade e bem-estar
Cristiana Arcangeli foi a mediadora do painel Longevidade e bem-estar, que teve a participação de César Biselli, médico e coordenador de Inovação e Tecnologia do Hospital Sírio Libanês, Fabio Nogueira, Presidente e Fundador do Observatório da Longevidade / Think Tank da Economia da Longevidade, Erwin Frank Roman, diretor da AGING 2.0 e Ativen, e Mórris Litvak, CEO e fundador da MaturiJobs & especialista no mercado da longevidade.
Arcangeli frisou a necessidade de criar empregos para as pessoas mais velhas. Também destacou as mudanças nas faixas etárias.
No Brasil, disseram participantes, o aumento da longevidade e a mudança no perfil etário da população vão provocar mudanças na economia e na sociedade, como menor demanda por produtos infantis e maior por produtos para a idade madura.