A Logística Reversa deve alcançar toda a sociedade e a reciclagem precisa ser prática diária de todos
- Atualizado emAline Porcina e Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp
O segundo dia de atividades da 21ª Semana do Meio Ambiente foi voltado para discussões sobre os problemas e soluções da reciclagem e da logística reversa. Pela manhã, especialistas e representantes de entidades ambientais discutiram os desafios do Brasil para tornar a reciclagem uma prática diária e acessível não somente para a indústria, mas para a sociedade em geral.
“Há muito mais propaganda enganosa do que realidade. Os índices de reciclagem não são razoáveis dentro do que representa esse mercado. A maior parte do nosso resíduo que tem valor é aterrado ou vai para um lixão. Precisamos entender a realidade disso”, apontou o presidente do Conselho Superior de Meio Ambiente (Cosema) da Fiesp, Eduardo San Martin, na abertura do painel, complementando que “reciclar representa não jogar dinheiro no lixo. Isso só vai acontecer quando a sociedade pressionar. Quando as pessoas que não estão aqui tenham conhecimento do que ocorre e decidam cobrar dos que impedem que isso aconteça”.
Assunta Napolitano, presidente do Instituto Embalagens apresentou aos presentes os avanços na área de reciclagem em países como Alemanha e Estados Unidos. Ao defender uma maior educação ambiental, mostrou cases de sucesso de empresas que aderiram ao ecodesign nas embalagens, que considera, entre outros aspectos, a redução do material, a facilidade de desmontagem, a orientação para o descarte, a reutilização, a utilização de material reciclado e a rotulagem ambiental. “O que nós queremos é apoiar o mercado a desenvolver melhores embalagens, incentivar a pensar diferente e discutir a delicada relação com a embalagem”, disse Assunta Napolitano.
Luiz Gonzaga, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), foi mais enfático em sua fala. Afirmou que “a falta de vontade política é o assunto número um da reciclagem no Brasil. É preciso organizar o sistema e organização demanda inteligência. O pouco que reciclamos, o governo tributa. Que incentivo nós temos para reciclar?”. Como solução para o problema da reciclagem, apontou algumas opções, como investir na economia circular, na geração de energia por meio dos resíduos e na profissionalização das cooperativas de catadores.
Também integraram a primeira parte dos debates, o conselheiro do Cosema/Fiesp, Luiz Fernando Chaves, do gerente comercial de matérias primas da Gerdau, Lucas Olstan, do presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, João Cesar Rando, e do presidente da YouGreen Cooperativa, Roger Werner Koeppl.
Apresentação de cases setoriais
Diversos cases foram apresentados pelas indústrias. O presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil,
Paulo Roberto Leite, crê no poder da indústria e disse que “o mundo vai mudar por meio do empresariado. Não há lugar para amadores neste setor. Quanto mais se puder fazer por meio das empresas, com lucratividade, mais resultados positivos serão alcançados”.
Lia Helena Monteiro de Lima Demange, assessora da presidência da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, afirmou que a Cetesb tem realizado parceria com os municípios em relação a pontos de coleta de logística reversa. São mais de 180 municípios no momento e a instituição está buscando a ampliação das parcerias.
“Resolver o problema da logística reversa requer a busca por soluções intermodais. O diálogo com diversos parceiros é essencial ao sucesso desse tema”, observou João Carlos Basílio da Silva, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).
Já para o Klaus Curt Müller, presidente executivo da Reciclanip, que trabalha com pneus inservíveis, o custo logístico é o maior obstáculo atualmente à operação de logística reversa e pede o barateamento deste custo é essencial para ampliar a rede de coleta.
Anicia Pio, gerente do Departamento de Desenvolvimento Sustentável (DDS) da Fiesp, observou que é preciso mudar a cultura e a maneira como se encara a questão da coleta seletiva e ressaltou o que foi dito anteriormente sobre o custo logístico. Para finalizar, apresentou as ações realizadas pelo DDS a fim de baratear a planilha para pequenas empresas e cooperativas de coleta.
